Farm é criticada por marketing com Kathlen, grávida assassinada no Rio
A marca carioca voltou atrás mas o novo posicionamento não convenceu e a grife seguiu sendo criticada
Kathlen Romeu, 24 anos, assassinada grávida, no Rio de Janeiro, durante um tiroteio provocado por uma ação da Polícia Militar, trabalhava em uma loja da marca carioca, Farm. Após a morte da jovem, a grife divulgou o código de vendedora de Kathlen e afirmou que reverteria o valor da comissão de cada venda realizada com ele para a família dela, mas a ação foi vista como marketing e foi criticada.
A ação da Farm não foi bem vista nas redes sociais, pois internautas apontaram que a marca em meio à morte de Kathlen, estava tentando vender produtos e lucrar em cima, visto que só a comissão seria revertida para a família da vítima, e não o valor das compras. “Vocês estão colocando uma funcionária preta pra trabalhar depois de morta. O ano é 2021”, comentou um internauta no post da publicação no Instagram.
“A Farm não vai reverter o lucro de vendas com o cupom KATHLEN para a família da Kathlen. A Farm vai reverter somente a comissão das vendas. Comissão que os vendedores recebem pelo trabalho. A Farm está fazendo a Kathlen trabalhar para eles, mesmo depois de assassinada”, diz um tuíte sobre o tema que viralizou.
“Não, né? Não! Não é possível achar uma boa ideia querem promover novas vendas com essa tragédia”, criticou a atriz Maria Bopp, a Blogueirinha do Fim do Mundo. “Isso é tão absurdo, tão ofensivo, tão desumano…”, diz outra internauta. Outros apontaram que a marca iria faturar com a morte. “Comissão? Isso só pode ser brincadeira. No final ainda lucra com a imagem da vítima”.
Após a repercussão negativa do caso, a Farm voltou atrás, editou a publicação que falava do código de vendedora de Kathlen e o retirou do ar. “[TEXTO EDITADO, removendo-se a menção ao código de vendedora]”, passou a estar escrito no post.
No comunicado, a Farm ainda pede justiça pela morte de Kathlen. “Nosso time de VM e colegas de loja de Kathlen estão montando uma homenagem à ela, agora pela manhã, na fachada da nossa loja de Ipanema, onde Kath trabalhava”, diz o texto. “Sabemos que nada que fizermos poderá trazer Kath de volta mas nos comprometemos a acelerar ainda mais nossos processos de inclusão e equidade racial para transformar as cruéis estatísticas que levam vidas jovens negras como a de Kath a cada 23 minutos no nosso país”, continua. “As vidas de Kath e seu bebê importam. Vidas negras importam”.
Em seguida, a Farm fez um novo post assumindo o erro. “A Farm vem a público se desculpar pela ação que envolveu o uso do código de vendedora de Kathlen Romeu nesse momento tão difícil. Com vocês, entendemos a gravidade do que representou esse ato, por isso, retiramos o código E957 do ar. Continuaremos dando o apoio e suporte à família, como fizemos desde o primeiro momento em que recebemos a notícia”, escreveu a loja carioca.
Porém, nos comentários, o recuo da Farm não foi visto como suficiente para reparar o dano da ação mal estipulada na visão dos internautas. “Vender ganhando em cima de uma morte não é erro, é mal caratismo capitalista”, sintetizou uma usuária da rede social. “Suporte como? Pode divulgar, a gente quer saber!”, escreveu outra. “Se retratem dando o valor angariado por ela pra família!! Isso sim seria o certo”, disse outra.
“Gente, na moral, vocês tão errando tem é tempo bagarai, hein? num é erro não é comodismo, é conveniência. o que vocês já pagaram e anunciaram de workshop, consultoria e o escambau de *diversidade* desde 2014 pra chegar nesse momento da cidade, do país e do mundo com uma calhordice dessas não é erro não, é cinismo e certeza de privilégio inabalável”, escreveu uma usuária do Instagram.