Feminicídio no Amapá: ex ameaçou vítima de morte 5 dias antes do crime
Raiane de Almeida, de 20 anos, recebeu ameaças do ex-namorado pelo celular, mas não registrou B.O.
A jovem de 20 anos vítima de feminicídio no Amapá foi ameaçada de morte pelo ex-namorado cinco dias antes do crime, segundo informações da delegacia de polícia que investiga o caso.
Suspeito do assassinato a facadas, o jovem foi preso no sábado, 1º de agosto, na casa de um familiar, horas depois da ocorrência.
O crime aconteceu às 21h30 de sexta, 31 de julho, em Santana, a 17 km de Macapá, no bairro Hospitalidade.
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Feminicídio no Amapá: ameaças pelo celular
O jovem abordou a vítima, Raiane Miranda de Almeida, perto da casa dela quando ela voltava do trabalho. A equipe do hospital para onde foi levada após o ataque noticiou lesões causadas por quatro facadas.
No domingo anterior ao assassinato, o ex-namorado enviou para o celular de Raine mensagens com ameaças de morte, como “Vai denunciar, que eu vou te matar, pode fazer isso”.
A jovem então mudou de número para não receber mais mensagens do ex-namorado. Porém, ele voltou a ameaçá-la pelo celular de um familiar da moça.
A Polícia Civil encontrou as mensagens do rapaz no celular de Raiane.
Nesta segunda, 3, o delegado Yuri Agra, que conduz a investigação do crime na 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Santana, mostrou à reportagem do portal G1 prints das ameaças.
Para a polícia, o caso é mesmo de feminicídio praticado pelo ex-namorado, que teria premeditado o assassinato.
Ele não teria se conformado com o final do relacionamento que mantinha com Raiane.
Ela não chegou a registrar B.O. (Boletim de Ocorrência) nem requerer medida protetiva de urgência.
O delegado comentou que a família se preocupou com as ameaças, mas não acreditava que o ex de fato pudesse matar Raiane.
O inquérito do feminicídio no Amapá segue em aberto para que sejam ouvidas testemunhas.
Entenda o que é feminicídio
Por dia, três mulheres são assassinadas, vítimas do feminicídio, no Brasil. A cada dois segundos, uma mulher é agredida no país. Quase 80% dos casos, os agressores são o atual ou o ex-companheiro, que não se conformam com o fim do relacionamento.
O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica. Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio.
Para ser considerado feminicídio, o crime tem que se encaixar em dois tipos de casos:
Violência doméstica ou familiar
Quando o crime resulta ou é praticado juntamente à violência doméstica, o homicida é um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela.
Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, em que a violência contra a mulher é praticada por desconhecidos, geralmente com a presença de violência sexual.
Além dos altos índices de homicídio de mulheres, existem ainda muitos casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica.
Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher
Quando o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela misoginia e pela objetificação da mulher, geralmente com a presença de violência sexual.
Meta a colher, sim!
Os casos de violência doméstica denunciados podem frear os números de casos de feminicídio no Brasil. É ou conhece alguém que sofre qualquer tipo de violência? Saiba onde e como denunciar neste link.