Filho de ex-prefeito é indiciado por agredir advogada

"Apesar de haver um clamor social devido ao impacto das imagens, não houve elementos que justificassem o pedido da prisão", disse a delegada do caso

27/12/2018 18:10

Trecho de vídeo de agressão
Trecho de vídeo de agressão - Reprodução/YouTube

O piloto Victor Junqueira, filho do ex-prefeito de Anápolis (GO), foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás por três crimes: lesão corporal, injúria e ameaça. O homem de 24 anos aparece em um vídeo agredindo a ex-namorada, a advogada Luciana Sinzimbra, de 26 anos. As informações são do jornal O Popular.

A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia, que investiga o caso, concluiu o inquérito nesta quarta-feira, 26, e deve encaminhá-lo ao Poder Judiciário na quinta-feira, 27. O filho de Eurípedes Junqueira prestou depoimento no último dia 21.

Victor preferiu ficar em silêncio e se manifestou apenas em juízo. Segundo a delegada titular da Deam, Ana Elisa Gomes, ele permanece em liberdade. “Ele colaborou, não dificultou as investigações e não houve fato novo após a denúncia. Por isso, mesmo que haja uma comoção social em torno do caso, a prisão preventiva não se justifica”, afirmou.

“Apesar de haver um clamor social devido ao impacto das imagens, não houve elementos que justificassem o pedido da prisão”, explicou a delegada.

Agressões

Tapas, soco, tentativa de enforcamento. A série de agressões pesadas faz parte de um vídeo que viralizou nas redes sociais e mostra a reação criminosa do piloto Victor Junqueira sobre a ex-namorada, Luciana Sinzimbra.

A gravação foi feita por ela, com uma câmera escondida, e o motivo alegado para a série de agressões seria o fim do relacionamento, que Victor não aceitava.

No vídeo, o agressor discute com Luciana, a chama de “fingida” e diz que ela o enganou “esse tempo todo”. Ela pede para ele parar de bater: “Você vai me matar desse jeito”, mas não é ouvida. A advogada registrou um B.O. (boletim de ocorrência).

O piloto apagou seus perfis em redes sociais. Luciana disse, em um post, que não autorizou o vazamento nem o compartilhamento do vídeo e que “a pessoa que teve acesso a esses vídeos foi sem minha autorização e divulgou sem medir as consequências”. “As medidas cabidas contra o agressor já foram feitas e ele irá pagar pelo o que fez”, afirmou.

Como denunciar violência doméstica

Canal para denúncias de violência contra a mulher, o Ligue 180 recebeu 72.839 queixas apenas no primeiro semestre deste ano, segundo dados divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH). O balanço engloba violência psicológica, cárcere privado, homicídio e outros crimes.

A violência física foi o crime mais registrado no primeiro semestre deste ano, com 34 mil casos, seguida da violência psicológica, com 24.378, e da violência sexual, correspondendo a 5.978 casos.

Para denunciar casos de violência doméstica, basta ligar gratuitamente para o número 180, canal disponível no Brasil e em mais 16 países que, além de receber as denúncias, esclarece dúvidas sobre os diferentes tipos de violência aos quais as mulheres estão sujeitas.

As manifestações também são recebidas por e-mail, no endereço [email protected]. A central funciona 24 horas todos os dias, incluindo feriados e finais de semana. No total, em 2017, o Ligue 180 recebeu 156,8 mil notificações.