Flamengo recusa acordo para indenizar as famílias das vítimas

Para o Ministério Público, os valores propostos pelo Flamengo estão "aquém do minimamente razoável diante da enorme perda"

Terminou sem acordo a sessão de mediação entre o Flamengo e os parentes das vítimas do incêndio em um dos alojamentos do Centro de Treinamento Ninho do Urubu, que matou 10 jogares da categoria de base.

A reunião aconteceu na última quinta-feira, 21, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.Os parentes dos jogadores saíram da reunião revoltados com a proposta feita pelo clube.

adolescentes que jogavam na categoria de base do time carioca, dormiam em contêiner que pegou fogo

“A atitude do Flamengo foi uma falta de respeito com os pais. Eles não estão dando apoio, estão brincando com a vida de nossos filhos. É uma tortura o que o Flamengo está fazendo conosco, por não definir nada. Viemos aqui de bobos, palhaços. Não nos sentimos acolhidos por ninguém. Eles não têm resposta para nós. Os nossos filhos não têm preço”, disse o pai do goleiro Christian Esmério, Cristiano Esmério. Ele classificou de “surreal” o valor de R$ 400 mil oferecido inicialmente pelo clube às famílias.

Na terça-feira,21, durante a negociação, intermediada pelo Ministério Público do Trabalho, pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público do Estado do Rio, o Flamengo ofereceu entre R$ 300 mil e R$ 400 mil para cada família de vítimas mortas, além de um salário mínimo (R$ 998, atualmente) por mês ao longo de dez anos, mas o valor foi considerado insuficiente pelas instituições.

O Ministério Público do Estado havia proposto R$ 2 milhões por família e o pagamento de R$ 10 mil mensais até que cada vítima completasse 45 anos.

Para o desembargador Cesar Cury, presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o valor das indenizações não deve ser tabelado: “Talvez o melhor seja que cada família encontre um valor que lhe atenda e lhe deixe confortável, para que amanhã não gere uma frustração”.

A defensora pública Cíntia Guedes disse que não foi possível haver acordo e que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, chegou a ser consultado, por telefone, mas não aprovou a proposta das famílias. “Pedimos que os advogados [do Flamengo] levassem a questão para o presidente. Eles saíram, conversaram com o presidente, mas não foi possível nenhum acordo. As famílias decidiram, então, encerrar o processo de negociação.”