Foto de pai e filha mortos na fronteira dos EUA choca o mundo

Registro, comparado à foto do menino sírio Alan Kurdi, de 3 anos, também vítima de afogamento, expõe consequência da crise migratória em todo o mundo

Em todo o mundo, muros, cercas e políticas protecionistas fazem milhares de vítimas. Diariamente, os noticiários anunciam as consequências da crise migratória que, nos últimos anos, expõe ao mundo o colapso de um sistema socioeconômico falho e que exige sua reinvenção.

Na última terça-feira, 25, um registro fotográfico voltou a chocar o mundo. Nele, um homem e sua filha de quase dois anos aparecem mortos, vítimas de afogamento, após tentarem atravessar o Rio Grande, na fronteira entre México e Estados Unidos.

Abraçada ao pescoço do pai, a imagem sugere que a criança estava agarrada a ele quando ambos sucumbiram à correnteza que os levou à margem do rio. Os corpos dos salvadorenhos Óscar Alberto Martínez Ramíres, de 26 anos, e Valeria, um ano e 11 meses, foram encontrados a apenas um quilômetro da fronteira com Texas, na cidade de Matamoro.

Jornais mexicanos compararam imagem à foto do menino sírio Alan Kurdi, de 3 anos, que comoveu o mundo, e se tornou símbolo da crise migratória – Foto: STR /AFP

Em entrevista ao jornal “La Jornada”, a mulher de Óscar, e mãe da criança, Vanessa Ávalos, explicou que a família havia chegada a Montamoros no último domingo, 23, com esperança de conseguir asilo norte-americano. No entanto, resolveu atravessar a fronteira nadando ao descobrir que o processo jurídico se estenderia mais do que esperava.

Às autoridades, Vanessa relatou que o marido consegui cruzar o rio com  a filha, deixando-a do lado americano do rio. Mas, ao entrar no rio novamente para buscá-la, a criança entrou na água em busca do pai. Foi quando Óscar tentou salvá-la e acabaram levados pela correnteza.

Repressão obriga imigrantes a procurarem novas rotas

Em meio ao debate sobre políticas anti-imigração, na última segunda-feira, 24, o governo mexicano enviou mais de 20 mil forças de segurança para suas fronteiras sul e norte – numa tentativa de impedir a passagem de migrantes não autorizados para os Estados Unidos.

Por outro lado, especialistas em direitos humanos questionam o endurecimento das lei que, segundo eles, podem levar os migrantes a buscarem rotas mais perigosas para chegar aos Estados Unidos.