Fundação Palmares exclui Marina Silva da lista de personalidades negras
Sérgio Camargo diz que ex-senadora se declara negra 'por conveniência'
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, usou as redes sociais para anunciar que excluiu o nome da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva da lista de Personalidades Negras da instituição.
Segundo Sérgio Camargo, a ex-candidata à Presidência da República foi excluída da lista porque “não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil”.
“Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição”, escreveu no Twitter.
- Campanha anti-racismo da BodyTech gera grande polêmica no Twitter
- BBB 22: Após polêmica sobre escravidão, Natália ganha atenção de Sérgio Camargo
- Sérgio Camargo defende ‘chibatadas’ para punir pichadores
- Mário Frias ataca Wagner Moura e o chama de patético
Para o presidente da fundação, Marina Silva “autodeclara-se negra por conveniência política”.
https://twitter.com/sergiodireita1/status/1316034983417577474
Sérgio Camargo também atacou os deputados David Miranda e Talíria Petrone (ambos do PSOL-RJ), o ex-deputado Jean Wyllys e a cantora Preta Gil, que para ele, declaram-se negros “por conveniência”.
“Não é um caso isolado. Jean Willys, Talíria Petrone, David Miranda (branco) e Preta Gil também são pretos por conveniência. Posar de ‘vítima’ e de ‘oprimido’ rende dividendos eleitorais e, em alguns casos, financeiros”, disse.
No final de setembro, a deputada federal Benedita da Silva (PT), que é candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, foi retirada da lista.
A Fundação Palmares foi criada em 1988 com objetivo de preservar a cultura negra no país.
Reações
A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) e o ex-deputado Jean Wyllys rebateram os ataques do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.
“As decisões administrativas de um desqualificado não mudam a maneira como me identifico, tampouco a etnia de meus antepassados por parte da família de meu pai, fator sobre o qual ele não tem nenhuma autoridade para se manifestar. Eu sigo sendo o que sou”, afirmou Jean Wyllys, que atualmente é professor nos Estados Unidos.
Já a parlamentar lamentou a postura de Sérgio Camargo por “em vez de usar o cargo para desenvolver ações de preservação da memória e da cultura da população negra brasileira, perca seu tempo em atacar, pelas redes sociais, quem diverge de sua política”.
“A postura de Sérgio Camargo — baseada em arroubos autoritários típicos do bolsonarismo — definitivamente não condiz com o cargo que ocupa. Não é este homem, com esta postura que reproduz o racismo e envergonha nossa história de resistência, que irá questionar minha realidade enquanto mulher negra. Está mais do que na hora de devolver a Fundação Cultural Palmares ao povo, ao qual ela deveria servir”, declarou a parlamentar.
O deputado David Miranda (PSOL-RJ) defendeu a saída de Camargo da fundação. Para ele, o presidente do órgão é “um inimigo da luta antirracista”. “A permanência de Sérgio Camargo na Fundação Palmares envergonha todo brasileiro e brasileira consciente da luta do povo negro contra séculos de racismo estrutural e opressão”, disse.
Histórico de ataques
Sérgio Camargo tem histórico de atacar o movimento negro e suas lideranças. Ele já chamou Zumbi dos Palmares de “filho da puta” e o movimento negro de “escória maldita”. Ele também já defendeu o fim do feriado da Consciência Negra e afirmou que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” de escravos no país.