Garoto é morto após PM fazer ameaça à mãe: ‘compra um caixão pequeno’

O menino tinha apenas 12 anos e era dependente químico em tratamento

O garoto Miguel Gustavo Lucena, de 12 anos, foi morto após um Policial Militar (PM) fazer uma ameaça à mãe: ‘compra um caixão pequeno’. O caso aconteceu em São José dos Campos, no interior de São Paulo. De acordo com a mãe do garoto, Andreia Gonçalves Pena, a ameaça foi feita duas semanas antes do ocorrido. Com informações do portal IG.

Garoto é morto após PM fazer ameaça à mãe: ‘compra um caixão pequeno’
Créditos: Istock/asiandelight
Garoto é morto após PM fazer ameaça à mãe: ‘compra um caixão pequeno’

No último dia 17, a mãe do garoto fez a denúncia na ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM-SP), mas o caso só começou a ser investigado pela Corregedoria na semana passada. De acordo com ela, no dia 6 de setembro, estava em casa quando uma vizinha deu a notícia de que seu filho havia sido morto no parque de diversões da cidade.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, obtido pelo portal IG, policiais iniciaram perseguição a um veículo identificado como roubado, um VW FOX vermelho, que acabou batendo em um dos brinquedos do parque. Nesse momento, 3 outros adolescentes desceram do carro e receberam a ordem para deitar no chão. Segundo os policiais relatam no B.O., Miguel, que estava no banco de trás, não havia sido visto nesse momento e colocou o corpo para fora do carro com uma arma, ameaçando atirar nos PMs, que teriam reagido. O menino levou dois tiros e morreu no local.

Porém, as pessoas que estavam no local no momento, afirmam que o garoto não estava armado, que desceu do veículo com as mãos para cima quando tomou o primeiro tiro na axila. O policial ainda disse à mãe do garoto que ele atropelou várias pessoas, mas não era ele quem estava dirigindo e nenhuma vítima foi identificada.

Ameaças

Andreia contou que seu filho era dependente químico desde os 10 anos e, em 2019,  se envolveu em três ocorrências por tráfico de drogas. Segundo a mãe, Miguel  foi internado em uma clínica de reabilitação, no ano passado e havia parado de vender drogas há 3 ou 4 meses, quando começou a vender balas no farol para sustentar o vício.

A mãe afirma ainda que, em pelo menos 5 ocasiões, os policiais militares conhecidos como “Carioca” e “Cruz” agrediram Miguel e o levaram para casa de viatura. Em uma delas, duas semanas antes de ser morto, Carioca ameaçou: “Mãe, se eu pegar o Miguel na rua, pode comprar um caixão pequeno porque ele não volta mais’”.

Após a morte do filho, ao se dirigir a delegacia, Andreia conta que perguntou ao Delegado quem havia matado seu filho. “Pra que você quer saber? Já está morto”, respondeu. Nesse momento, ela também viu Carioca e começou a gritar: “Parabéns, você conseguiu, tô indo comprar um caixão para o meu filho. Tá satisfeito?”. O PM, por sua vez, respondeu: “Sua louca, boa coisa ele não era, o que tava fazendo em um carro roubado”.

De acordo com o B.O, a vítima do roubo não reconheceu nenhum dos 4 adolescentes como os autores do crime e o veículo foi devolvido. Miguel teria comprado o veículo de outro dependente químico em uma “boca” onde foi comprar maconha, no dia 5 de setembro.

Ariel de Castro Alves, advogado que acompanha o caso e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), afirma que, aparentemente, a morte de Miguel foi premeditada. “A sensação de impunidade dos PMs é tão grande, que os PMs ficam promovendo ameaças e perseguições contra a mãe da vítima”, disse ao iG.

“Com a transferência do inquérito policial militar para a corregedoria geral da PM, para que não seja mais conduzido pelo batalhão no qual os PMs trabalham, esperamos que eles parem de ameaçar os familiares”, completou.