‘Há privilégio da indústria musical para brancos’, diz Margareth Menezes

'Questão sobre racismo estrutural deve ser feita à sociedade e não a Ivete Sangalo', diz cantora baiana no Guia Negro Entrevista

Em parceria com Guia Negro
06/11/2020 10:51

A cantora baiana Margareth Menezes conta sobre o título de rainha do afropop e explica que este é o estilo musical que a define. Ela canta e brinca que não seria “nem faraó nem Cleopatra e, sim, Rainha de Sabá, autoridade”. Com sorriso no rosto, a cantora fala sobre o começo da carreira, sobre o sucesso da música “Faraó” e sobre racismo estrutural na indústria da música. “Há privilégio da indústria musical para as pessoas brancas”, constata.

Margareth Menezes durante entrevista ao Guia Negro
Margareth Menezes durante entrevista ao Guia Negro - Reprodução/Youtube

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Ao Guia Negro Entrevista, ela diz que o questionamento de porquê artistas negros não têm o mesmo destaque que artistas brancos “deve ser feito à indústria e à sociedade brasileira”, sem culpabilizar cantoras como Daniela Mercury e Ivete Sangalo . A cantora diz que nunca fugiu de falar sobre a questão racial ao longo de sua carreira, mas ressalta que “não é ativista política e, sim, uma artista”. “Racismo é uma forma criada para justificar a escravidão”, ressalta.

A baiana de Península de Itapagipe afirma que sua identidade, o que a leva ao carnaval e a todo os lugares é a música. Uma das canções mais conhecidas de sua carreira “Faraó” é um verdadeiro hino até hoje. “Em qualquer lugar que eu cantar ‘Eu falei faraó’ as pessoas respondem”. A música tem letra que conta parte da história do Egito e letra política. A cantora cita, inclusive, o seu verso preferido.

A pergunta sobre “o que é ser um corpo negro no mundo?” feita para todos os entrevistados do programa, também é respondida por Margareth Menezes: “somos seres humanos buscando ser feliz”. A cantora também dá dicas de lugares de cultura e história negra que todas as pessoas devem visitar: a Bahia. Ela destaca o legado das cidades de Santo Amaro, Cachoeira e São Félix que guardam memórias ancestrais.

Apresentado por Guilherme Soares Dias, o programa tem produção de Heitor Salatiel, charges de Felipe Carvalho, trilha de Boris Reine-Adelaide, designer de Iago Reizs e direção de Rodrigo Portela. A quarta temporada do #guianegroentrevista é uma parceria da Terra Preta Produções e da Catraca Livre.