Hacker diz que Manuela D’Ávila fez a ponte com Glenn Greenwald
Ex-deputada do PCdoB fez uma nota à imprensa contando sua versão
Walter Delgatti Neto, o hacker preso pela Polícia Federal, responsável por divulgar as conversas do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol, contou em depoimento que a ex-deputada federal do PCdoB, Manuela D’Ávila foi a intermediária entre ele e o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil. O relato foi divulgado com exclusividade pelo repórter Mahomed Saigg, da TV Globo.
Delgatti Neto afirmou no depoimento que, no Dia das Mães, 12 de maio de 2019, ligou para Manuela afirmando que tinha o acervo de conversas de integrantes do Ministério Público e que precisava do telefone de Greenwald (o Intercept só começaria a publicar essas conversas em 9 de junho, com diálogos atribuídos ao ministro Sergio Moro e procuradores).
Hacker diz que entregou mensagens de Moro para Intercept de graça
Segundo Delgatti, ele percebeu que Manuela D’Avila não estava acreditando nele e, por isso, enviou a ela uma gravação de áudio de dois procuradores.
Pelas redes sociais, Manuela divulgou uma nota à imprensa, dizendo que está inteiramente disposta a esclarecer o caso.
“Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:
1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.
2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.
3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.”