Histórico de denúncias e investigações do médico Bolívar Guerrero

O cirurgião já havia sido preso em 2010 por causa da operação policial "Beleza Pura"; Guerrero também foi impedido de praticar medicina no final de 2021

22/07/2022 23:32 / Atualizado em 27/07/2022 17:44

O médico Bolívar Guerrero Silva, de 62 anos, possui um histórico grande de denúncias e investigações envolvendo seu nome e seu trabalho como cirurgião plástico.

Detido na última segunda-feira, 18, acusado de manter paciente em cárcere privado, o cirurgião foi suspenso de praticar medicina em dezembro de 2021. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) afirma que a punição aconteceu pois o profissional violou artigos do Código de Ética Médica.

Histórico de denúncias e investigações do médico Bolívar Guerrero
Histórico de denúncias e investigações do médico Bolívar Guerrero - Reprodução/Instagram

O Cremerj apontou que o médico infringiu cinco artigos do código de ética que foi aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A notificação da punição dele foi publicada em 21 de dezembro do último ano e foi estendida até o dia 19 do mês seguinte.

O cirurgião plástico teria deixado de “denunciar atos que contrariem os postulados éticos à comissão” e de “cumprir as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina”, além de não “atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações no prazo determinado”, de acordo com os artigos 17 e 57 do código de ética.

Segundo o Cremerj, outra violação do código que embasou a suspenção de praticar medicina foi por “exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia” e “obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos, órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza”, que constam no artigo 69.

Apesar de tantas infrações, o perfil de Bolívar Guerrero Silva no site do Conselho Federal de Medicina mostra a situação dele como “regular”. De acordo com o cadastro, ele começou a profissão no Brasil em 1996.

As denúncias

Em 2010, Bolívar foi preso junto com mais oito médicos em uma operação chamada “Beleza Pura”, investigada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, depois de uma série de denúncias feita pelo Ministério Público do Rio por “falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins medicinais”. No processo, os médicos também responderam por “associação criminosa” e “crimes contra as relações de consumo”.

Na época, o grupo chegou a responder pela comercialização de medicamentos pirateados e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos produtos apreendidos pela polícia foram encontradas grandes quantidades da toxina botulínica (Botox), gliconato hidrostático de magnésio (Carboxi), polimetilmetacrilato e ácido hialurônico.

Em 2013, Guerrero foi notificado com um outro processo judicial, novamente por erro médico. Bolívar foi condenado a pagar indenização para a paciente idosa por dano moral e material, além de responsabilidade civil. Ele até tentou dois recursos, mas não foram aceitos.

Em janeiro de 2017, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro interditou o Hospital Santa Branca, onde a paciente Daiana Chaves Cavalcanti, foi supostamente mantida em cárcere privado pelo médico. A vigilância do Estado alegou, na época, que a Central de Material Esterilizado (CME) não tinha “estrutura física” e apresentava “processos de trabalho inadequados” para estar aberta.

Prisão do médico

O médico foi preso pela na manhã da última segunda-feira, 18, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, acusado de manter uma paciente presa por dois meses no Hospital Santa Branca.

De acordo com a denúncia feita pela família, ela estava como refém de Silva desde que passou por a uma cirurgia plástica na barriga que teria ficado necrosada. Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e de condução coercitiva.

O Cremerj ainda disse que vai apurar o caso que teria dado motivo para a suspensão do médico no final de 2021. A entidade também disse ter conhecimento sobre a suspeita de cárcere privado através da mídia e que “abriu sindicância para apurar” o caso recente, no entanto que o “procedimento segue em sigilo de acordo com os ritos do Código de Processo Ético-Profissional”.