Intercept vaza mensagem de Moro blindando FHC de investigação
"melindra alguém cujo apoio é importante" teria dito Sérgio Moro sobre investigação contra Fernando Henrique
O site The Intercept divulgou, nesta terça-feira, 18, mais um trecho das possíveis conversas entre Sergio Moro, então juiz da Operação Lava Jato e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e procuradores da Força-Tarefa, especialmente o coordenador do grupo em Curitiba, Deltan Dallagnol.
De acordo com um diálogo publicado na noite desta terça pelo veículo on-line, Moro chegou a repreender Dallagnol por dar andamento a uma investigação contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o mais emplumado tucano do país. O procurador fala em “passar recado de imparcialidade” no trecho atribuído pelo The Intercept, e o juiz retorque: “Ah, nâo sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante”.
Segundo Intercept, “à época, a Lava Jato vinha sofrendo uma série de ataques, sobretudo de petistas e outros grupos de esquerda, que a acusavam de ser seletiva e de poupar políticos do PSDB. As discussões haviam sido inflamadas meses antes, quando o então juiz Moro aparecera sorrindo em um evento público ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, apesar das acusações pendentes de corrupção contra ambos”.
- ‘Estou no caminho da cadeira elétrica’, diz Gabriel Monteiro ao ser cassado
- Polícia investigará médico de Bruno Krupp por falsidade ideológica e fraude processual
- Vaza vídeo de stripper brasileiro no meio de audiência com presidente do Peru
- Golpista do Tinder brasileiro: Polícia passa a investigar mineiro de 33 anos
As primeiras mensagens divulgadas pelo site The Intercept, na noite do dia 9 de junho, mostraram a suposta interferência do então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, nas investigações da força-tarefa. O atual ministro da Justiça e Dallagnol teriam trocado colaborações durante as investigações.
Ética
De acordo com a Constituição brasileira o sistema acusatório no processo penal é composto por duas figuras a do acusador e do julgador, e elas não podem se misturar. Nesse modelo, cabe ao juiz analisar de maneira imparcial as alegações de acusação e defesa, sem interesse em qual será o resultado do processo. Mas as conversas entre Moro e Dallagnol demonstram que o atual ministro da Justiça e Segurança Pública se envolveu no trabalho do Ministério Público – o que é proibido.
A atuação coordenada entre o juiz e o Ministério Público por fora de audiências e autos (ou seja, das reuniões e documentos oficiais que compõem um processo) fere o princípio de imparcialidade previsto na Constituição e no Código de Ética da Magistratura.