Jardineiro “gangster” recria periferia de Los Angeles com hortas urbanas
"Plantar a própria comida é como imprimir o próprio dinheiro", destaca idealizador do projeto
“Plantar a própria comida é como imprimir o próprio dinheiro”, a frase que ressoou em todo o mundo mundo resume a trajetória do agricultor urbano, o norte-americano Ron Filey.
Conhecido como “gangsta gardener“, Filey trabalhava como estilista quando um dia resolveu plantar alimentos frescos e saudáveis no quintal de sua casa, localizada em South Los Angeles, área metropolitana de Los Angeles (EUA).
Predominantemente negra e latina, a região é o que se pode definir deserto alimentar, conceito empregado para lugares com pouco ou nenhum acesso a alimentos nutritivos. Filey, por exemplo, levava mais de 45 minutos para ter acesso a produtos de qualidade, mesmo estando a menos de 20 quilômetros do centro. “O nível de obesidade no meu bairro é cinco vezes maior do que em Beverly Hills (lar de estrelas de Hollywood)”.
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Alimentação saudável: uma questão de classe
A relação entre a falta de acesso à alimentação saudável e o preconceito às populações socialmente mais vulneráveis motivou Finley a tomar uma decisão radical. Reuniu amigos, que trabalharam na criação de uma horta no quintal em frente à sua casa, plantando vegetais, legumes e frutas.
Ele percebeu a intrínseca relação entre esta realidade, os incontáveis fast-food espalhados ao seu redor e o aumento de mortes por doenças evitáveis. Chamava a atenção dele o número de centros de diálise, que crescia a cada dia, assim como a compra de cadeiras de rodas. Decidiu que deveria fazer algo a respeito. Assim teve início sua primeira “floresta comestível”.
Mesmo diante da pressão das autoridades, que chegaram até mesmo a pedir sua prisão, Finley contou com o apoio de anônimos e logo sua causa ganhou destaque nas páginas dos jornais. Com a repercussão, ele criou a organização voluntária “LA Green Grounds” com o objetivo de ajudar os residentes de South Los Angeles a criar seus próprios jardins comestíveis.
Libertação alimentar
A iniciativa não só popularizou o conceito de agricultura urbana, como levantou o debate sobre reeducação alimentar entre os moradores da região.
Abrigos, terrenos baldios e outros espaços públicos passaram a abrigar hortas urbanas em meio aos esforços do grupo liderado por Finley. “Se as crianças cultivam couve, elas comem couve”, afirma. Por outro lado reforça que, sem o conhecimento sobre alimentos saudáveis, elas jamais entenderão os riscos de uma má alimentação e, por isso, se tornam reféns do fast-food.
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