João de Deus pode ser investigado por tráfico de bebês

A denúncia foi feita pela ativista Sabrina Bittencourt

O Ministério Público de São Paulo encaminhou na última segunda-feira, 7, um pedido de investigação sobre uma suposta ligação de João de Deus com o crime de tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres. 

A denúncia foi feita pela ativista Sabrina Bittencourt, que atou na divulgação dos casos abuso praticados pelo médium durante atendimentos espirituais em seu centro em Abadiânia, Goiás. Em um vídeo divulgado nas suas redes sociais, ela afirma que João de Deus faria parte de uma quadrilha de vendas de bebês e de escravização sexual de mulheres há pelo menos 20 anos.

Segundo ela, as crianças seriam comercializadas por famílias nos Estados Unidos, Austrália e Europa por valores entre US$ 20 mil e US$ 50 mil. Sabrina ainda afirma ter depoimentos de mães adotivas, ex-funcionárias e moradores de Abadiânia que eram coagidos pelo médium a participar do esquema.

A ativista também diz que João de Deus estaria envolvido com muitas ilegalidades. “A gente tem mapeado uma série de outros crimes”.

Ainda no mesmo vídeo, ela conta que mulheres seriam mantidas em cárcere privado como escravas sexuais. Forçadas a engravidar em troca de comida para seus filhos.

“Nós temos mulheres que são utilizadas como escravas sexuais. Em geral, mulheres negras e de baixa renda tanto em Abadiânia como em Anápolis. Mulheres do norte de Minas [Gerais] que viviam próximo aos garimpos ilegais de João de Deus”.

Provas e defesa

Ao UOL, a coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo, Valéria Scarance, falou que a ativista passou uma série de detalhes sobre os crimes acima citados, como uma lista com nomes de pessoas envolvidas e provas.

“Todo esse material foi formalmente encaminhado ao MPF e também ao MP de Goiás”, afirmou Valéria.

O advogado de defesa de João de Deus, Alberto Toron, também foi ouvido pelo UOL. Ele afirmou que aguardará as investigações e que sem provas, as acusações de Sabrina Bittencourt  “desmerece maior consideração”.