Jogador iraniano é condenado a enforcamento por apoiar mulheres
Jogador de 26 anos é acusado de integrar grupo armado em protestos contra governo iraniano
Em meio a maior onda de protestos desde 2009, o Irã vive dias de uma verdadeira convulsão social após a morte da jovem Mahsa Amini, detida por policiais por infringir o rigoroso código de vestimenta exigido das mulheres na República Islâmica.
O episódio gerou uma série de protestos e manifestações em todo o país e, recentemente, resultou na condenação à morte do jogador de futebol Amir Nasr-Azadani, acusado de traição pela corte iraniana. Recentemente, o atleta de 26 anos, que defende o time iraniano Iranjavan FC, compareceu a uma manifestação em defesa dos direitos das mulheres e foi identificado pelas autoridades locais dois dias depois.
Segundo a sentença, Amir integraria um grupo armado que organizou ataques à República Islâmica do Irã. Além dele, outras oito pessoas também foram presas e condenadas a morte pelo mesmo motivo.
Diante dos rumores sobre prisões e perseguições a críticos ao governo, inclusive contra mulheres iranianas durante a Copa do Mundo, a informação foi confirmada pela FIFPro, sindicato dos jogadores profissionais de futebol. Em nota, entidade se posicionou contra o episódio:
“A FIFPRO está chocada e enojada com relatos de que o jogador de futebol profissional Amir Nasr-Azadani pode ser executado no Irã depois de fazer campanha pelos direitos das mulheres e pela liberdade básica em seu país. Nos solidarizamos com Amir e pedimos a remoção imediata de sua punição”.
FIFPRO is shocked and sickened by reports that professional footballer Amir Nasr-Azadani faces execution in Iran after campaigning for women’s rights and basic freedom in his country.
We stand in solidarity with Amir and call for the immediate removal of his punishment. pic.twitter.com/vPuylCS2ph
— FIFPRO (@FIFPRO) December 12, 2022
Protestos na Copa do Mundo
O crescente descontentamento popular contra a restrição de direitos das mulheres no país também virou assunto durante a participação da seleção iraniana na Copa do Mundo do Catar.
Questionados durante as entrevistas, jogadores e comissão técnica não puderam se manifestar oficialmente durante as coletivas, mas não deixaram de se posicionar em apoio às mulheres. Nos dois primeiros jogos da equipe, entretanto, o elenco optou pelo silêncio durante execução do hino nacional na fase de grupos da competição.
Além disso, nas arquibancadas, bandeiras e cartazes em favor da liberdade feminina no país foram levantadas pelos milhares de iranianos presentes nos estádios do Qatar.