Jovem vítima de violência sexual se sentiu desrespeitada durante depoimento na delegacia

29/05/2016 22:46 / Atualizado em 07/05/2020 03:17

Em entrevista exibida no Fantástico na noite deste domingo, 29, a jovem de 16 anos, vítima de um estupro coletivo na zona oeste do Rio de Janeiro, falou que se sentiu desrespeitada na delegacia durante o depoimento.

“Eram três homens dentro de uma sala de vidro, todo mundo que passava via. Ele botou na mesa as fotos, o vídeo exposto e falou ‘me conta aí’”, relembrou. “Ele perguntou se eu tinha o costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso. Eu parei imediatamente e falei: ‘não vou mais responder’”, continuou.

Ela afirmou ainda que está recebendo ameaças pelas redes sociais e que está “um pouco revoltada” com a repercussão do caso. “Tem pessoas falando que eu estou mentindo, sendo que eu estava desacordada no momento”, disse.

“Não interessa se eu tava com a roupa curta, onde eu estava, que horas eram”, continuou. “Não é nem questão de duvidar, elas falam que é mentira. São mulheres falando que eu procurei, que eu queria, sendo que poderia acontecer com elas”.

Sobre as fotos , áudios e vídeos que circulam na internet, ela afirma que tudo não passa de uma montagem feita por pessoas que querem incriminá-la para ficarem impunes.

https://www.youtube.com/watch?v=Ke6Is7lc8oQ

Questionada pela repórter, a garota relembrou os fatos da noite do crime. “Quando eu acordei tinha um menino embaixo de mim, um menino em cima e dois me segurando. Eu comecei a chorar, tinham muitos homens, fuzil, pistola”, contou.

Ela disse também que não usou drogas no dia e que não contou depois pra família por vergonha.

Sobre o futuro, ela conta que só deseja esquecer o que houve e que também espera por justiça. “Quero esquecer aqueles momentos e tentar seguir em frente”.

Ao fim da entrevista, a repórter Renata Ceribelli perguntou o que ela deseja para os estupradores que a atacaram e a resposta foi enfática: “Desejo sinceramente uma filha mulher”.

Delegado afastado

A coordenação da investigação do caso de estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos na Zona Oeste do Rio passará para a ser conduzida pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

As informações foram confirmadas neste domingo, 29, pelo chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, em entrevista à TV Globo.

As investigações ficarão sob responsabilidade de Cristiana Onorato, delegada titular da DCAV, que já  acompanhava o caso. Segundo Veloso, a questão levantada pela advogada Eloísa Samy de que a jovem teria ficado acuada no depoimento ao delegado Thiers foi levada em consideração.

Adolescente está em programa de proteção

A jovem de 16 anos saiu de casa e entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes ameaçados de Morte (PPCAM), executado pela Secretaria de Direitos Humanos do Estado do RJ.

Por conta disso, a advogada foi dispensada pela família.

Famosos e anônimos se unem em protesto

Mônica Iozzi, Claudia Ohana e Barbara Paes se juntaram a outras mulheres em um protesto exibido no Fantástico.

 
 

Em vídeo, elas narram o que aconteceu na noite do estupro sem mostrar o rosto. Ao final, elas revelam a identidade e se solidarizam com a vítima. Veja o vídeo no site do Fantástico.