Jovem recebe carta de vizinho reclamando da roupa que ela usa no condomínio
Escriturária hospitalar, Ana Paula Benatti registrou boletim de ocorrência e disse que se sentiu muito humilhada devido às ofensas que recebeu
Ana Paula Benatti, uma jovem de 22 anos, recebeu uma carta de um vizinho na qual ele reclama das roupas usadas por ela dentro das dependências do condomínio onde mora, em Maringá, no Paraná. Na carta, cheias de erros de português, o morador afirmou que ela deveria se dar o respeito porque ele, “como homem e pai de família”, ficou com vergonha.
“Senhora 102, gostaríamos que tivesse o pudor e decência de usar roupas adequadas nas dependências do condomínio. Aqui mora (sic) pessoas casadas e de várias religiões e a senhora não está tendo o respeito usando roupas vulgar (sic). Não sei de onde veio, mais (sic) aqui mora gente de família, então por favor dá-se o respeito. Porque eu como homem e pai de família fiquei com vergonha de estar com minha filha e a senhora quase nua lá fora. Muda o jeito de-se (sic) portar neste lugar ou vamos conversar com a dona do apartamento. Aqui não é zona não! Respeite as famílias desse lugar. Obrigado”, diz o texto.
Em entrevista ao G1, Ana Paula contou que o caso ocorreu na última sexta-feira, 7, e que se sentiu muita humilhada com a carta. Ela, que é escriturária hospitalar, afirmou que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil na terça-feira, 11, devido às ofensas feitas por essa pessoa.
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Ana Paula contou que se mudou para o condomínio em 1º de maio e que ainda não conheceu nenhum outro morador. Ela viu a carta, que estava dentro de um envelope preto, após chegar do trabalho, por volta de 18h.
“A princípio pensei que era algo de boas-vindas ou relacionado à mudança. Na hora que li aquelas palavras comecei a sentir repulsa, nojo, comecei a chorar muito porque não queria acreditar naquilo”, disse a jovem.
23% dos homens condenam roupa curta de mulher, diz estudo
Ainda hoje, quase um quarto dos homens reconhece criticar as mulheres por usarem roupas curtas ou decotadas (23%). Este dado é resultado de uma pesquisa encomendada pelo Instituto Avon, intitulada “O papel do homem na desconstrução do machismo”.
De acordo com o estudo, o machismo tem diminuído recentemente, principalmente pelo fortalecimento dos movimentos feministas. Por exemplo, alguns homens pararam de se referir a mulheres com termos como “piranha” ou “vagabunda” (8%), outros deixaram de assediá-las na rua (18%) e existem ainda aqueles que deixaram de tentar se aproveitar de uma mulher bêbada (2%).