Por que é importante lutar contra o machismo

Muita gente ainda concorda com o machismo e isso faz que, mesmo com os esforços feministas, ele ainda esteja presente em tantos ambientes

Com a popularização de campanhas feministas, a luta contra o machismo tem ganhado cada vez mais força. O aumento das denúncias de assédio sexual, violência doméstica e estupro fortaleceu o movimento e também revelou que as agressões persistem no dia a dia de grande parte das mulheres.

Machismo: você entende mesmo o que significa?
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Machismo: você entende mesmo o que significa?

Mas, afinal, o que é machismo? O que faz uma pessoa ser ou reproduzir falas machistas? Por que é importante lutar contra o machismo? A Catraca Livre vai te explicar tintim por tintim.

O que machismo?

O machismo é o preconceito que se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento ao feminino. Em bom português: é toda a opressão sofrida por mulheres e produzida por homens.

Por exemplo, uma pessoa machista é quem acredita a mulher não deve se portar e ter os mesmo direitos de um homem ou que julga a mulher como é inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais.

O pensamento machista é totalmente cultural e pode vir de todo canto da sociedade, independente da classe social, posição política, religião ou família.

Por ter sido tratado como algo normal por muito tempo, há apenas algumas décadas esse comportamento é problematizado, especialmente pelos movimentos feministas, que lutam pela igualdade de gênero.

E mesmo com o avanço da luta feminista, não é todo mundo que concorda que o machismo deve ser combatido. Isso faz com que, mesmo com os esforços feministas, ele ainda esteja presente em tantos ambientes.

Machismo x misoginia x sexismo

O machismo é uma forma de sexismo, uma vez que é a atitude de descriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. Já a diferença entre machismo e misoginia é mais sutil.

Na prática, o machismo julga a mulher como inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais
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Na prática, o machismo julga a mulher como inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais

A misoginia é um sentimento de ódio e aversão à mulher, e se distingue do machismo por envolver um forte conteúdo emocional à base de repulsa. Dele nascem ataques, como o assédio (moral, verbal e sexual), a violência sexual e doméstica e o feminicídio.

Mulheres podem ser machistas?

Ser machista é compartilhar da ideia de que homens têm, naturalmente, privilégios em relação às mulheres. Sendo assim, o machismo não é um pensamento exclusivamente masculino.

Por ser algo enraizado na cultura da sociedade, somos ensinados desde pequenos que existem diferentes papéis que homens e mulheres podem desempenhar. Isso faz com que a gente dê continuidade à essa ideia. Por isso, as mulheres não estão imunes a reproduzir e perpetuar um machismo estrutural.

Um bom exemplo dessa reprodução do machismo vindo de mulheres é quando mães ensinam as filhas mulheres todos os afazeres domésticos, enquanto os filhos homens não têm a mesma obrigação; quando as meninas ganham bonecas e utensílios de cozinha de brinquedo, e os meninos carrinhos.

Essa disparidade no tratamento entre os gêneros, desde muito cedo, é uma característica fortíssima do machismo.

Homens sofrem com machismo?

Sim, homens também são afetados pelo machismo. Mas não da mesma forma ou proporção que as mulheres.

O machismo não oprime os homens. Eles não perdem vagas de emprego por serem homens, nem são objetificados enquanto homens, por exemplo.

O que afeta o gênero masculino é o que chamamos de masculinidade tóxica. Esse conceito é referente à obrigatoriedade do homem ser viril, forte e agressivo e incapaz de demonstrar vulnerabilidades ou outras características que são consideradas “femininas”.

O senso comum acredita que os homens precisam ser caracterizados pela virilidade, força, poder, agressividade e sexualidade
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O senso comum acredita que os homens precisam ser caracterizados pela virilidade, força, poder, agressividade e sexualidade

E lá vem o problema de gênero novamente! Por que condutas tidas como femininas são atacadas em qualquer uma de suas expressões, mesmo quando vêm de homens? A resposta é curta e simples: machismo.

Repare: por isso, a maioria dos meninos é criada de forma a não apresentar características do ideal feminino. Muito dificilmente você verá um garotinho brincar de bonecas, ser sensível, chorar, ser vaidoso. Essa construção chega a proibir simbolicamente o uso do rosa pelos meninos e a, por exemplo, abraçar e beijar seus amiguinhos.

Pode até parecer bobo, reforçar esse aprendizado acaba afetando seriamente a vida dos homens também, uma vez que eles crescem achando que se cuidar deve ser uma preocupação feminina.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a expectativa de vida dos homens é inferior à das mulheres. Elas vivem em média 79,1 anos, enquanto os homens vivem 71,9 anos, no Brasil.

Outro dado importante: no país, os homens se suicidam quatro vezes mais do que as mulheres, segundo o Mapa da Violência Flasco Brasil. Esse é mais um reflexo do machismo atuando contra seus protagonistas.

Feminismo é igual ao machismo

Falácia. E das grandes! Por lutar contra o machismo na sociedade, é comum que as pessoas tenham a ideia de que feminismo é o “machismo das mulheres”. Entretanto, o feminismo é um movimento social, político e ideológico que tem por objetivo uma sociedade com igualdade de direitos entre os gêneros. Esse objetivo é benéfico tanto para mulher quanto para homens.

As diversas expressões do comportamento machista traz consequências, uma das principais é a disparidade de salários entre homens e mulheres
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As diversas expressões do comportamento machista traz consequências, uma das principais é a disparidade de salários entre homens e mulheres

É importante lutar contra o machismo porque…

  • Das 500 maiores empresas do mundo, menos de 5% possuem CEO’s mulheres;
  • As mulheres realizam 6 vezes mais os afazeres domésticos do que os homens;
  • 62% dos homens acreditam que é dever deles sustentar a família;
  • 51% das mulheres concordam com os homens acima;
  • 1 em cada 3 mulheres sofre algum tipo de violência doméstica ao longo de sua vida;
  • A cada 2 segundos, uma garota menor de idade é forçada a se casar;
  • 1/3 dos países não entende violência doméstica como crime;
  • Mais de 200 milhões de garotas e mulheres foram obrigadas a passar por mutilação genital;
  • 87 mil mulheres foram vítimas de feminicídio em 2017 no mundo;
  • 58% delas foram assassinadas por conhecidos ou familiares;
  • Acontece 6 feminicídios por hora em todo o planeta;
  • No Brasil, 1200 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2018;
  • Isso é 4% a mais do que em 2017.