Jovem reúne 56 mil apoiadores por treinamento antirracista na Uber

Ioannis Casarini conta ter sido vítima de racismo ao pedir um Uber; motorista desistiu de levá-lo, alegando que ele poderia ser bandido

Em parceria com Change.org (Oficial)
12/08/2020 17:49 / Atualizado em 28/08/2020 11:34

Ioannis mora em uma comunidade na capital paulista
Ioannis mora em uma comunidade na capital paulista - Arquivo pessoal

O jovem Ioannis Casarini, de 18 anos, morador da comunidade do Jardim Jaqueline, zona oeste de São Paulo, juntou 56 mil assinaturas em uma petição na internet para cobrar que a Uber faça um treinamento antirracista com seus motoristas. O jovem, que alega ter sofrido racismo por parte de uma condutora, abriu a petição um dia depois do ocorrido.

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Segundo Ioannis, na noite de 26 de junho, ele solicitou um Uber, pelo aplicativo de uma amiga, e foi até o portão de casa, acompanhado de sua mãe, esperar pela motorista, que aceitou a corrida. Entretanto, conforme conta no texto da petição, a condutora chegou ao local, mas se recusou a levá-lo dizendo “não estar tatuado em sua testa se ele era bandido”.

“Ela chegou super irritada, me encarando, olhando de cima a baixo”, conta o rapaz no abaixo-assinado. Em seguida, de acordo com a versão do jovem, a motorista questionou o fato de a viagem ter sido pedida por uma moça. Ioannis tentou explicar, mostrou os prints da conversa com a amiga que solicitou a corrida e o dinheiro com o qual pagaria o Uber.

“A motorista não quis saber de nada, se recusou a me levar. Ela ignorou todos os fatos e explicações, alegando que eu podia ser um bandido”, diz no texto da petição. Não sei se foi o meu cabelo volumoso, mas ela me olhou com uma cara horrível, me senti um lixo. É muito triste tudo isso, eu fiquei muito mal, com ansiedade atacada, sem dormir”, completa.

Ainda de acordo com o relato, a mãe de Ioannis tentou intervir, dizendo que o filho não era bandido, mas a motorista fechou o vidro do carro, acelerou e foi embora. Após denunciar o caso nas redes sociais e alcançar grande repercussão, o jovem conseguiu uma resposta da Uber dizendo que a discriminação era inaceitável e que havia desativado a motorista.

Porém, por acreditar que a medida não é suficiente para evitar que outros passem pela mesma situação, Ioannis lançou a mobilização pedindo que o treinamento antirracista seja feito. A Change.org, plataforma que hospeda o abaixo-assinado, cobrou um posicionamento da Uber quanto ao pedido, mas a empresa ainda não informou se adotará o procedimento.

Movimento Vidas Negras Importam 

A petição, criada por Ioannis, segue aberta e reunindo apoiadores. O abaixo-assinado foi inserido no movimento Vidas Negras Importam, lançado pela plataforma Change.org, para dar mais visibilidade a campanhas antirracistas. A página do movimento reúne mais de 70 abaixo-assinados e 4,4 milhões de assinaturas em torno de causas em prol da justiça racial.