Justiça do DF apura homofobia após beijo gay em formatura de PMs
Em áudio, homem que se identifica como tenente-coronel diz que "avacalhação" sujou imagem da PM
O Ministério Público do Distrito Federal vai apurar caso de homofobia após beijo gay entre policiais militares durante formatura de novos soldados no último sábado, 11.
As fotos foram publicadas na internet e os comentários foram feitos em grupos de colegas da corporação.
Em áudio que circula nas redes sociais, um homem que se identifica como coronel da reserva da PMDF critica os beijos, afirmando que se trata de “avacalhação”.
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“Não tenho nada a ver com a sexualidade deles. A porção terminal do intestino é deles e eles fazem o que quiserem. Uma coisa é o que se faz quando se está fardado […]. Aprendemos sempre que se deve preservar a honra e o pundonor policial militar. Então é isso que foi quebrado ali. Aquela avacalhação, aquela frescura ali poderia ter sido evitada. É lamentável”, diz um trecho da gravação.
Após o caso vir à tona, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal pediu à PM que investigue os comentários. O Ministério Público do DF também afirmou que vai apurar “se houve prática homofóbica e adoção das medidas cabíveis”.
De acordo com o G1, a cúpula da Polícia Militar do DF proibiu os envolvidos de dar entrevistas. Em nota, a corporação informou que “os áudios atribuídos a um coronel da reserva manifestam uma opinião pessoal e serão analisados pela corporação” e que “não coaduna ou apregoa quaisquer tipos de preconceito”.
Leia abaixo a nota da Polícia Militar do Distrito Federal:
“A Polícia Militar do Distrito Federal informa que não coaduna ou apregoa quaisquer tipos de preconceito. Os áudios atribuídos a um coronel da Reserva Remunerada manifestam uma opinião pessoal, e serão analisados pela Corporação.
A PMDF informa ainda que a ética e o pundonor policial militar são preceitos basilares da Corporação, aos quais os policiais militares estão sujeitos, independentemente de cor, sexo, etnia, religião ou opção sexual.
O posicionamento oficial da PMDF órbita em torno do respeito às crenças, à ética e ao profissionalismo, pilares que todos os policiais militares devem observar no exercício de seus deveres.
A Polícia Militar do Distrito Federal reforça que não coaduna com quaisquer tipos de preconceito. As críticas divulgadas em redes sociais são opiniões pessoais e não condizem com o ponto de vista do comando da Corporação.
No entanto, com o objetivo de evitar maiores exposições e controvérsias, nenhum integrante da Corporação está autorizado a conceder entrevista sobre o assunto.”
Homofobia é crime
Desde junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo.
Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços. Não contratar ou barrar promoções no trabalho e dar tratamento desigual a LGBT são atos homofóbicos também.
Mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais, chegando a ameaças e tentativas de assassinato.
Qualquer que seja a forma de discriminação, é importante que a vítima denuncie o ocorrido. A orientação sexual ou a identidade de gênero não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano. Saiba como denunciar casos de homofobia.