Lauro Jardim desbanca boicote à Natura que Silas Malafaia tenta fazer
Marca convidou Thammy Miranda para estrelar campanha de Dia dos Pais, o que incomodou o líder religioso
Depois da repercussão da nova campanha da Natura de Dia dos Pais, que será estrelada pelo ator Thammy Miranda, o pastor Silas Malafaia decidiu propor um novo boicote à marca, com claras intenções transfóbicas. Porém, o jornalista Lauro Jardim, colunista de O Globo, desbancou, com apenas um texto, toda a articulação do líder religioso.
Em seu artigo, Lauro Jardim comenta sobre outras tentativas de boicote fracassadas propostas por Silas Malafaia ao longo dos anos. Geralmente, o líder religioso convoca seu rebanho para parar de consumir alguma marca quando essa marca tenta ser inclusiva com a população LGBT.
“Vamos boicotar a Natura!”, convocou Silas Malafaia nesta terça-feira, 28, com um card que diz: “coloca uma mulher para fazer papel de homem no Dia dos Pais. Uma afronta aos valores cristãos”, referindo-se ao filho de Gretchen como uma mulher.
https://twitter.com/PastorMalafaia/status/1288134718949646338
Em seu artigo, Lauro Jardim aponta que essa não é a primeira vez que Silas Malafaia tenta fazer um boicote a alguma marca e falha miseravelmente. O jornalista recordou que em 2015 tentou liderar um boicote ao O Boticário, por apresentar casais homossexuais na campanha de Dia dos Namorados. E que em 2017, o líder religioso também propôs boicote à Disney World, por conta de um beijo gay em uma de suas animações.
Foi aí que Lauro Jardim desbancou Silas Malafaia. “O balanço de 2019 do Boticário revelou que o grupo faturou R$ 15,3 bilhões bilhões e cresceu 11,5% em relação ao ano anterior. Também em 2019, a Disney quebrou recordes de arrecadação em bilheteria em seus produtos audiovisuais. Um total de US$ 11,12 bilhões, um valor nunca alcançado por qualquer outro estúdio.”, apontou o jornalista.
Ou seja, Silas Malafaia pode propor o boicote que quiser, isso não altera em nada as receitas das empresas. Pelo contrário, como mostrou Lauro Jardim, elas até lucraram mais. Um bom termômetro à Natura de que, ao que tudo indica, terá motivos para comemorar em 2021.
Como combater e denunciar a transfobia
Após perceber-se com um gênero diferente do que lhe foi atribuído ao nascer, uma pessoa transgênero passa a enfrentar uma verdadeira luta para viver sua identidade. Especialmente no Brasil, onde casos de transfobia são recorde mundial.
Nos últimos oito anos, o Brasil matou ao menos 868 travestis e transexuais. Esses números nos deixa no topo do ranking dos países com mais registros de homicídios de pessoas transgêneras.
Apesar de assustador, os dados publicados pela ONG Transgender Europe (TGEu) não são uma novidade para essa parcela invisibilizada pela sociedade. Isso porque é sabido que o tempo médio de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos contra os 75 anos da população em geral, de acordo com o cruzamento de informações dos Dados da União Nacional LGBT e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).