Lupa checa frases de deputados 1 ano após votação do impeachment

Por Juliana Dal Piva, Clara Becker, Hellen Guimarães e Leandro Resende, da Agência Lupa

Há um ano, no dia 17 de abril de 2016, os deputados federais se reuniram na Câmara e realizaram uma sessão plenária para decidir sobre o prosseguimento do processo de impeachment da então presidente, Dilma Rousseff. Com 367 votos, a medida foi aprovada e seguiu para o Senado, que, dias mais tarde, acabou cassando Dilma.

Plenário da Câmara durante sessão especial de votação do processo de impeachment de Dilma
Créditos: ANB
Plenário da Câmara durante sessão especial de votação do processo de impeachment de Dilma

Naquela sessão, no entanto, antes de proferir seus respectivos “sim” e “não”, os líderes dos partidos subiram à tribuna da Casa e encaminharam os votos de suas siglas. Alguns defenderam a cassação da presidente. Outros, exatamente o oposto. Para lembrar a data, a equipe da Agência Lupa, parceira do Catraca Livre, voltou a essas falas e checou alguns dados mencionados. Confira abaixo o resultado de trechos das checagens e, aqui, a íntegra:

  • Afirmação: “O PMDB, suas lideranças e sua bancada jamais agiram como polo ativo neste processo [de impeachment]”, Leonardo Picciani (PMDB-RJ)
    Resultado da checagem: FALSO
    Justificativa: foi o peemedebista Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados, quem, no dia 2 de dezembro de 2015, autorizou a abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Hoje preso, Cunha era um dos líderes do PMDB e também teve papel decisivo na articulação política que culminou no afastamento de Dilma.
  • Afirmação: “As situações ocorridas em anos anteriores, por outros presidentes, não eram nem de longe semelhantes aos atos de irregularidade fiscal praticada pela atual administração”, Jovair Arantes (PTB-GO)
    Resultado da checagem: EXAGERADO
    Justificativa: Segundo o Tribunal de Contas da União, tanto decretos suplementares quanto atrasos nos repasses aos bancos públicos também foram registrados nos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Desde os anos 1990, ocorreram atrasos para pagamentos de benefícios sociais na Caixa, por exemplo. FHC registrou quatro atrasos de repasse entre 1996 e 2002. O mesmo ocorreu ao longo do governo Lula, que, em 2009, também editou decretos suplementares. Somados os valores negativos de FHC e Lula, o total era próximo de R$ 1 bilhão. Com Dilma Rousseff, o volume foi bem maior. Na Caixa, o saldo negativo acumulado ao longo do governo dela chegou a R$ 33 bilhões. Os procedimentos, porém, são semelhantes.
  • Afirmação: “Sessenta por cento da população o rejeita [Temer] e quer seu impeachment, assim como o de Dilma”, Ivan Valente (PSOL-SP)
    Resultado da checagem: VERDADEIRO
    Justificativa: Segundo pesquisa Datafolha realizada em abril de 2016, 60% dos brasileiros defendiam a renúncia de Dilma Rousseff e Michel Temer. Os números eram semelhantes em relação ao processo de impeachment: 61% apoiavam o impedimento da presidente, enquanto 58% aprovavam a saída do então vice.
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