Mãe é encorajada a levar sua bebê em Congresso: ‘foi acolhedor’
A jovem pesquisadora carioca Thaísa Araújo, de 22 anos, vivenciou uma experiência inspiradora, do tipo que recobra a fé no potencial de acolhimento da humanidade.
Estudante de Biologia pela UNIRIO, uma das demandas de seu curso era participar do Congresso de Paleontologia de Ribeirão Preto, a mais de 700 km de sua cidade. Porém, mãe de uma menina de um ano e cinco meses, ela já havia decidido não ir. Mesmo depois de receber um convite da comissão organizadora do Congresso para apresentar seu trabalho em formato oral e se orgulhar disso, manteve sua decisão de não ir.
“Fiquei quase dois meses afirmando que não iria ao Congresso porque tinha uma filha pequena e não poderia deixar ela sozinha em casa, e se levasse seria um transtorno muito grande. Todo dia pensava nesse assunto e ficava bastante chateada”, escreveu, em um post que publicou em seu Facebook.
Para a sua sorte, a história não acaba aí, como a de muitas mulheres que se privam de experiências de estudo e trabalho por medo da discriminação social.
Thaísa ficou sabendo que outra participante do evento levaria seu bebê de quatro meses. A notícia a encorajou a inverter o rumo das coisas.
“De repente, eu pensei por que não?”, disse ela. “Se vai ter gente que vai levar um bebê eu também posso botar a Isabela em baixo do braço e ir também! Comecei aquela correria em menos de uma semana pro início do congresso, arrumei passagem com desconto e um lugar pra ficar”, conta.
Em entrevista ao Catraquinha, ela conta como se sentiu estando lá, no papel duplo de mãe e pesquisadora, depois de enfrentar os próprios tabus e 12 horas de viagem do Rio de Janeiro até lá.
“Foi deveras acolhedor. Muitas pessoas sorriam, brincavam com ela.Uma moça da Unesp veio conversar comigo para dizer que eu a estava inspirando a ter filho também e continuar na graduação. Conhecemos outra mãe e acadêmica chamada Andressa. Ela foi minha inspiração inicial”, explica.
Isabela é a única filha de Thaísa, que relata já ter vivido outras formas de preconceito por ser mãe, e conta sua experiência com a amamentação após o primeiro ano. “Em shoppings, as pessoas olham torto quando armamento, acham ela grande demais para mamar no peito ainda”, diz.
A experiência em seu primeiro evento acadêmico com a filha teve um saldo bastante positivo, de muita inspiração para os próximos, inclusive para outras mulheres que eventualmente estejam passando pela mesma situação.
“O que ouvimos é que mulher deve ou criar filho ou estudar, não é mole não! E nós temos que provar o contrário, desconstruir essa ideia de que não podemos, NÓS PODEMOS SIM! Podemos ser mulheres, acadêmicas e mães ao mesmo tempo! E nunca, nunca deixar passar boas oportunidades por se sentir presas à maternidade. E vai ter sim criança pequena em congressos e eventos acadêmicos. Não devemos nos privar de nada!”, defende Thaísa.
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