Mãe que perdeu o filho alerta contra velocidade nas ruas

Há momentos trágicos que se transformam apenas em luto. Mas há lutos que se transformam em indignação para evitar mais perdas.
Esse é o caso de Gladys Ajzenberg que transformou a morte do filho – Vitor Gurman – numa acidente de trânsito em um movimento para que menos acidentes ocorram. No Dia Mundial Sem Carro, ela aproveita para alertar os candidatos sobre os riscos de aumentar a velocidade nas ruas, como vem sendo proposto na cidade de São Paulo.

 
 

“Não sei se já tiveram algum dia contato com alguma mãe, pai ou familiar de alguma vítima de trânsito. Se não, cá estou eu me apresentando pra vocês.
Meu nome é Gladys Ajzenberg e meu filho foi assassinado há 5 anos por uma motorista embriagada e 3 vezes acima da velocidade permitida na mesma rua onde meu filho voltava a pé pra casa andando pela calçada. Ah!!! Vale lembrar que ele voltava a pé justamente porque tinha acabado de sair de uma festa de aniversário de uma amiga e tinham tomado vinho para comemorar, por isso não voltou dirigindo. Naquele dia ele brindou diversas vezes à vida, assim me contaram depois!!!
Vocês têm noção do que é perder um filho? Vocês têm idéia que é ficar sequelado para o resto da vida? Morre junto com essas vítimas boa parte de todos nós que ficamos. E ficamos sequelados junto a todos que assim ficaram.

 
 

O que foi feito na cidade de São Paulo com relação à educação e controle de velocidade está longe de resolver totalmente o problema, faltam ainda mudanças nas leis, maior rigor de fiscalização, etc, etc, etc. Mas as promessas que eu tenho escutado de alguns de vocês de jogar tudo isso pro alto e voltar à estaca zero é inacreditável!!!!!!!!!
Será que precisa viver na pele uma tragédia como essa para colocar a mão na consciência e ver que isso seria um absurdo???
Por favor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! São centenas de mortos na violência viária todos os anos só na cidade de São Paulo. As medidas adotadas na última gestão conseguiram reduzir consideravelmente (algumas pesquisas apontam 40%) o numero de vítimas. Aliás, se uma única vida tivesse sido poupada, ainda assim teria valido à pena!!! E agora querem voltar aos caos inicial????
Vocês acham que isso rende votos?? Pode até render alguns, mas garanto estarão decretando a morte de centenas de pessoas que poderiam ser poupadas, além milhares de sequelados que necessitarão de ajuda pro resto da vida, e boa parte deles do serviço público.
Querem conversar um pouco? Querem conhecer algumas famílias que já viveram e viverão pra sempre este drama? Nós, do Movimento Não foi Acidente/ VivaVitão infelizmente conhecemos muitas e muitas, e aumenta a cada dia o numero de famílias destruídas que nos procuram, desamparadas que somos pelo poder público. Estamos à disposição de vocês para que tentem nos explicar à quem essas propostas servem.
Eu estou indignada!! Assim como todos nós que lutamos na Justiça que nos desampara e empurra com a barriga as punições que deveriam servir de exemplo para todos.
Eu imploro como mãe e peço como cidadã que revejam suas posições! Não vale qualquer coisa pelo voto. Não estamos num momento de rever nossos valores políticos e éticos? Vocês têm certeza de que são esses mesmos os valores de vocês?
Vale dizer que não tenho ainda nenhum candidato, nem sou de partido algum e que nosso movimento é apartidário.
Nossa plataforma de luta é a defesa da vida!!!
Não queremos uma cidade mais perigosa do que ela já é.
Queremos paz, queremos segurança para caminhar na calçada sem sermos atropelados, queremos esperar a condução sem corrermos riscos, queremos sair e poder voltar pra casa, queremos que nossos filhos e familiares possam sair e voltarem bem.
Esperamos que façam propostas de vida e não de morte!!
Gladys Ajzenberg
Movimento Não foi ACIDENTE / Viva Vitão – Não espere perder um amigo para mudar a sua atitude”