Mães de pessoas trans mostram o valor da maternidade; leia relatos
"Não foi fácil, mas eu fui aprendendo a só observar e a respeitar o lugar daquele ser tão pequeno e tão inteiro"
Ser mãe de uma pessoa transgênero no Brasil é um desafio superado com amor, esperança e muita coragem. No país que mais mata trans no mundo, a homofobia e a transfobia marcam muitas relações sociais.
Neste Dia das Mães, a Catraca Livre ouviu mulheres que apoiam a prole nos momentos mais difíceis com ternura e respeito e continuam presentes nas alegrias. Abaixo, leia relatos:
Regiani Cristina de Abreu
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“Hoje eu sou mãe de 3 meninos. Digo hoje porque durante um curto espaço de tempo eu pensei que meu menino era uma menina. E ele não era, nunca foi. Não foi fácil, mas eu fui aprendendo a só observar e a respeitar o lugar daquele ser tão pequeno e tão inteiro. Se você é mãe de uma pessoa LGBTQIA+ receba o meu abraço mais apertado. Se você não é mãe de uma pessoa LGBTQIA+ eu quero te pedir, abrace nossos filhos e ensine os seus filhos a abraçá-los também.
Feliz Dia das Mães.”
Angélica Aparecida da Silva
“Sou mãe de Lux Machado, uma mulher trans de 23 anos. Minha filha é uma menina / mulher dedicada, disciplinada com sua arte. Ela me ensina todo dia a ser mais tolerante, me trouxe sabedoria e afeto. Eu estou me tornando uma pessoa bem mais afetuosa e sábia. Enfrentamos juntas as diversidades e nos fortalecemos uma com a outra.”
Karen Noriko Fujie
“Mães que descobrem seus filhos LGBTQIA+, acolham seus filhos, mesmo que se sintam confusas, perdidas e tristes, pois o amor é maior do que a caixinha chamada ‘padrão’.”
Jôse Roberta de Melo Ferracini Lima
“Neste Dia Das Mães eu não quero ser homenageada, nem presenteada. Eu quero agradecer pela família que tenho, que me ofereceu uma nova perspectiva sobre a vida, sobre as pessoas e sobre o que é o amor. Hoje, tenho ainda mais certeza de que sou uma mãe apenas suficientemente boa, incompleta, um ser humano em construção, mas de coração leve e com o desejo de conquistar um mundo mais fraterno e igualitário para todes.”
Carla e Ivone Vieira
“Neste Dia das Mães o que queremos é paz. Uma palavra tão pequena, mas carregada de muito significado, principalmente para quem exerce o papel da parentalidade. A tarefa de educar uma criança ou adolescente, por si só, já é um exercício árduo, cheio de percalços, dúvidas, medos, acertos, aprendizados intensos e muitas alegrias. Porém, para famílias como a minha, formada por duas mamães e dois filhos adotivos, além desses desafios, transitar pelas temáticas LGBTs é viver essa parentalidade de forma ainda mais desafiadora: muitos julgamentos e pouco acolhimento.
Mas o que aprendemos com isso tudo? Que apoio é fundamental para seguirmos em frente e, se você não achá-lo naqueles que estão ao seu redor, busque apoiar-se em famílias iguais a sua, em pessoas que passam pelo que você também passa. Não desanime! Estude, busque informação de qualidade, profissionais qualificados… saiba que você não está sozinho. Abra a sua mente e seu coração, pois só assim conseguirá viver com sua família momentos de paz.”
Ana Paula Oliveira Cesquim
“Sou mãe da Letícia, que faleceu em 2013, e do Eduardo, o Dudu, que hoje tem 9 anos, mas que dizia que era um menino desde seus 3 anos. Além de ser uma criança trans, Dudu também tem deficiência, o que nos fez demorar para entender tudo como uma realidade e não uma confusão da parte dele. Após um ano nos dizendo insistentemente que era menino, nós permitimos que ele assumisse a sua verdadeira identidade: Dudu! Ele cortou o cabelo, trocou as roupas e pediu que o chamássemos de Dudu dali em diante. Foi incrível ver a realização e a felicidade plena dele, com o simples fato de poder ser quem é.”
Mães da Diversidade
Para quem se sente desamparada e só em uma sociedade preconceituosa e violenta, Mães pela Diversidade é uma organização não-governamental que reúne mães e pais de crianças, adolescentes e adultos LGBTQIA+.
A ONG foi criada em 2014 por mães preocupadas com a violência e com o preconceito contra seus filhos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e mais. Para conhecer, acesse o site da organização.