Mais de 90 mil apoiaram abaixo-assinados por saída de Vélez
As petições criadas na plataforma Change.org se juntaram à pressão popular que levou à demissão do ministro da Educação
O presidente Jair Bolsonaro anunciou, na manhã desta segunda-feira, 8, a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Depois de colecionar uma série de medidas controversas e declarações polêmicas, o ministro se tornou alvo de uma grande pressão popular que pedia por sua saída. Parte dessa mobilização aconteceu através de abaixo-assinados criados na Change.org — eles reuniram, no total, mais de 90 mil assinaturas para exigir a demissão de Vélez.
Uma das quatro petições foi encabeçada pelo professor de filosofia Giovane Martins Vaz, que é líder estadual do Movimento Acredito no Rio Grande do Sul. O Acredito se apresenta como um movimento de suprapartidário de renovação política, que apoia uma nova geração de lideranças, como a deputada federal Tabata Amaral.
Giovane se diz aliviado pela demissão de Vélez. “Estava com um pouco de receio de que o ministro fosse continuar no cargo por mais tempo como mera estratégia do presidente de enfraquecer as informações da mídia”, comenta.
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O criador do abaixo-assinado afirma que a campanha “foi construída de forma bem coletiva”. Para ele, a petição é um elemento de pressão muito forte, que representa uma grande mobilização, já que as pessoas também passam a se engajar de outras formas.
De maneira geral, todos os abaixo-assinados abertos na Change.org se posicionavam contra as ações do ministro, que chegou a se referir a brasileiros como “canibais” e a sugerir que estudantes fossem filmados cantando o hino nacional nas escolas.
Entre outras medidas que inflamaram os discursos pela saída de Vélez estavam a não-exigência de referências bibliográficas em livros didáticos a serem comprados pelo Ministério da Educação (MEC) e a criação inédita de uma comissão para avaliar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Ministério paralisado
Depois de anunciar e voltar atrás nas medidas controversas, o ministro sofreu uma enxurrada de críticas por não “fazer o ministério andar”, ou seja, não colocar em prática ou ao menos apresentar ações de enfrentamento aos problemas da educação no país. No lugar dele, o presidente anunciou o economista Abraham Weintraub.
“Por um lado, estou aliviado pelo provável fim desse impasse que deixou o MEC praticamente paralisado por quase quatro meses. Por outro, ainda precisamos conhecer mais desse novo ministro, o que me deixa muito cauteloso em relação à substituição”, pondera o professor de filosofia, que mora na cidade de Porto Alegre.
O líder estadual do Movimento Acredito esclarece, entretanto, que o movimento irá aguardar as ações do novo ministro antes de criticar ou elogiar. De acordo com Giovane, o objetivo agora é pressionar para que o MEC volte a atuar de forma técnica, sem as “trapalhadas do último ministro” e destrave a burocracia.