Mais uma mulher é vítima de assédio sexual em ônibus na Paulista

'Estava sentada ao lado dele. Ele começou a passar a mão no meu seio e eu comecei a me ligar', relatou a jovem

Mais uma mulher sofreu assédio sexual dentro de um ônibus na Avenida Paulista, região central de São Paulo, pelo segundo dia consecutivo. De acordo com informações do G1, a vítima disse que o agressor passou a mão em seus seios. No mesmo momento, o motorista fechou a porta e chamou a polícia, que prendeu o homem.

“Estava sentada ao lado dele. Ele começou a passar a mão no meu seio e eu comecei a me ligar. ‘Sai de perto, sai de perto!’ As mulheres ao redor também começaram a se revoltar”, afirmou Juliana de Jesus, de 25 anos. O ônibus ficou parado na via em frente ao escritório da Presidência, onde havia um protesto de índios.

O caso foi registrado no 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins, zona oeste da capital paulista, mesma delegacia em que é investigado o crime desta terça-feira, dia 29. A vítima contou que não sabia que outra mulher havia sofrido abuso sexual em um ônibus no dia anterior.

O motorista parou o ônibus e o agressor foi preso pela polícia

Caso anterior

O homem que ejaculou em uma mulher dentro do ônibus na Avenida Paulista nesta terça havia passado cinco vezes pela polícia por suspeita de estupro, mas nunca havia ido a julgamento.

Testemunhas disseram que a jovem estava sentada em um banco ao lado do corredor quando o suspeito, que estava em pé na sua frente, tirou o pênis da calça e ejaculou. Os próprios passageiros do ônibus impediram que ele fugisse do veículo.

Segundo nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o agressor de 27 anos foi preso em flagrante por estupro. No entanto, ele foi solto pela Justiça em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira, 30.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz entendeu que não era necessária a manutenção da prisão. Para ele, o crime se encaixa no artigo 61 da lei de contravenção penal – “importunar alguém em local público de modo ofensivo ao pudor” – e é considerado de menor potencial ofensivo. A lei é de 1941.

Campanha

Os casos ocorreram no momento em que instituições públicas e privadas se uniram na campanha “Juntos Podemos Parar o Abuso Sexual do Transporte“. Com cartazes que serão espalhados nos ônibus da SPTrans, da EMTU, nos trens e no Metrô, o principal objetivo da ação é fazer com que a vítima não tenha medo de denunciar.

Serão veiculados cartazes em todos os meios de transporte público, vídeos, além de postagens nas redes sociais de todas as instituições participantes. “Configura abuso qualquer ato físico, de cunho sexual, que não tem a concordância da pessoa”, explica a juíza Tatiane Moreira Lima, da Vara de Violência Doméstica e Familiar do Butantã, e uma das idealizadoras da campanha.

Antes do lançamento, foram realizados seminários de sensibilização direcionados aos funcionários das empresas de transporte. O objetivo foi prepará-los para o atendimento das vítimas.

Outro aspecto importante da ação são programas de reeducação direcionados aos abusadores, uma vez que apenas a punição nem sempre é suficiente para uma mudança de conduta. O sociólogo Sérgio Barbosa foi responsável pela concepção do programa, que será realizado em duas edições – nos meses de outubro e novembro.

Participam da campanha: Tribunal de Justiça de São Paulo, Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo, Ministério Público de São Paulo, CPTM, Metrô, EMTU, SPTrans, Ordem dos Advogados do Brasil, Polícia Militar, Polícia Civil, ViaQuatro, EFCJ (trem), Secretaria de Segurança Pública, Secretaria dos Transportes Metropolitanos, Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo.

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