Manvailer alega inocência e defesa diz que o casal era ‘feliz’
A Justiça do Paraná aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do estado contra o biólogo, acusado de matar a advogada Tatiane Spitzner
A juíza Paola Gonçalves Mancini, da 2º Vara Criminal de Guarapuava, no Paraná, aceitou na quarta-feira, 8, a denúncia apresentada pelo Ministério Público do estado, que acusa Luis Felipe Manvailer de ter matado a esposa, a advogada Tatiane Spitzner na madrugada do dia 22 de julho.
O biólogo responderá pelos crimes de cárcere privado, fraude processual e homicídio qualificado por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio.
Luis Felipe Manvailer, no entanto, continua alegando inocência e, de acordo com a defesa do réu, o casal mantinha um relacionamento “feliz”, que estava indo para o quinto ano de união.
Sobre a aceitação da denúncia pela Justiça do Paraná, a defesa declarou, por meio de nota, que “a defesa técnica de Luis Felipe Manvailer informa que permanece no aguardo do resultado de exames periciais no corpo da vítima, no apartamento do casal, nas câmeras de segurança, nos smartphones, computadores e HDs apreendidos e na realização de reprodução simulada dos fatos com a participação do acusado”.
“Nesse momento é importante reafirmar que qualquer posicionamento sobre o caso, seja dos Delegados, Promotores, Advogados de Acusação ou de outro profissional que tenha participado do todo ou de parte deste apuratório (que sequer se encontra efetivamente concluído, já que pendentes importantes dilgências) estará tratando de hipóteses especulativas, baseadas em fragmentos, que destoam de comprovação técnica científica”, completa o comunicado.
ENTENDA O CASO
Tatiane Spitzner morreu na madrugada de 23 de julho, após supostamente cair do quarto andar do prédio em que morava com o marido, Luis Felipe Manvailer.
Minutos antes da queda da advogada, ela aparece nas câmeras de segurança do edifício sendo violentamente agredida pelo biólogo em pelo menos três ocasiões: dentro do carro, ainda fora do prédio; no estacionamento do condomínio, quando ela tenta fugir, mas não consegue; e dentro do elevador quando tenta mais uma vez se desvencilhar das garras de Luis Felipe, mas novamente é impedida.
Após o casal sair do elevador, não é mais possível ver o que acontece. Pouco tempo depois, Manvailer aparece sozinho nas imagens e sai do prédio para buscar o corpo desfalecido da esposa que já tinha caído.
Ele entra com Tatiane nos braços e a leva para o apartamento. Em seguida, ele troca de roupa e volta para limpar os vestígios de sangue de Spitzner que ficaram dentro do elevador. Depois disso, ele foge usando o carro da vítima, mas é preso horas mais tarde, em São Miguel do Iguaçu, a 340 km de Guarapuava, onde o crime aconteceu.
ASFIXIADA
Na manhã da segunda-feira, 6, O Ministério Público do Paraná (MP-PR) adiantou parte do resultado da perícia feita no corpo de Tatiane Spitzner, em que ficou constatado que a mesma teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura e apresentou marcas nas laterais do pescoço.
FEMINICÍDIO
Conforme a denúncia apresentada pelo MP-PR no início desta semana, Luis Felipe responderá pelo crime de homicídio com quatro qualificadoras – meio cruel, dificultar a defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio.
Ainda, o réu foi indiciado por fraude processual por alterar a cena do crime ao limpar os vestígios de sangue da vítima do elevador e por cárcere privado.
“Após a conclusão do presente feito investigatório, angariaram-se mais elementos que demonstram a necessidade da custódia cautelar do acusado, considerando-se que este dentou um comportamento extremamente agressivo e perigoso”, justificou o MP-PR ao pedir que Manvailer continue na cadeia.
“INOCENTE”
Em depoimento do acusado à polícia, ele se declarou “inocente”, afirmou que Tatiane se jogou do apartamento e diz que a “ama muito”.
“A imagem da minha esposa se jogando da sacada não sai da minha cabeça… Ainda fica martelando as imagens [dela se jogando] porque eu sou inocente, eu a amo muito”, declarou Luis Felipe.