Médica que rasgou receita de eleitor de Haddad se diz arrependida

Infectologista disse que estava cega pelo ódio e que pediu perdão a Deus pela atitude

10/10/2018 10:03 / Atualizado em 05/05/2020 11:59

Paciente teve receita rasgada por médica após abrir seu voto
Paciente teve receita rasgada por médica após abrir seu voto - reprodução/Inter TV Cabugi

Um caso de intolerância política envolveu uma médica de um hospital público de Natal, no Rio Grande do Norte, e um paciente idoso.  A infectologista Tereza Dantas rasgou receita que tinha acabado de fazer para o paciente, depois de ele revelar ter votado em Fernando Haddad (PT) no primeiro turno das eleições. O caso foi registrado por meio de boletim de ocorrência e a médica foi afastada temporariamente.

O aposentado José Alves de Menezes, de 72 anos, afirmou que se sentiu constrangido pela atitude da médica. Ele contou ao G1 que conhecia a infectologista e comparecia periodicamente no hospital para pegar a receita de um remédio que tomava todos os dias.  Na última segunda-feira, 10, um dia depois do primeiro turno das eleições, a médica perguntou o voto dele e ao receber a resposta, Tereza rasgou a receita.

Em entrevista ao G1, a médica afirmou que estava cega de ódio e se disse arrependida. “Eu pedi perdão a Deus e pedi que ele me ajudasse a tirar de mim essa mágoa. Eu nunca gostei de extremismos e estava me transformando em algo que não gosto. Não deveria ter feito isso, eu sei. Agi por impulso e, por isso, peço desculpas”.

O aposentado procurou o serviço social, que encaminhou para outro médico e assim recebeu a receita. O Sindicato dos Servidores em Saúde do RN, Sindsaúde-RN, entrou em contato com a ouvidoria do hospital e  está tomando providência pela via jurídica.

Paciente fez boletim de ocorrência contra médica
Paciente fez boletim de ocorrência contra médica - reprodução

“A postura desta médica é inadmissível! Além de ser um desrespeito e um constrangimento ao aposentado, fica clara a utilização da sua profissão e do serviço público para coagir o voto no seu candidato. O Sindsaúde não tolerará atos como este e já está tomando todas as medidas jurídicas e políticas”, disse, em nota, a vice coordenadora do Sindsaúde, Simone Dutra.