Menina de sete anos descobre rua Augusta
Julia Correa Bulhões tem sete anos, é estudante do Colégio Nossa Senhora das Graças e moradora da região dos Jardins. No último sábado, 17, fez uma atividade diferente do que crianças da idade dela costumam fazer durante as férias na cidade de São Paulo. Em companhia da mãe, Inês Correa, se aventurou na primeira edição de 2009 da Jornada Fotográfica, organizada pelo fotógrafo e agitador cultural, André Douek, e saiu pela rua Augusta para tentar descobrir o que de interessante ela tem.
Garota já fez um auto-retrato
Por volta das 17h flagrou lustres em galerias e pessoas dentro de ônibus. Mas o que mais chamou atenção da garota foi um estacionamento sem carros. “Achei interessante fazer foto do lugar. Nunca imaginei encontrar um estacionamento que ficasse vazio”, explica.
No entanto, fora do cenário do estacionamento, seus primeiros cliques foram observados pela mãe, quando a família, nas férias de julho de 2008, foi para a cidade de Gonçalves, interior de Minas Gerais. “Eu tinha feito algumas imagens de dentro do carro e passei a máquina para a Julia. Foi aí que percebi que ela fez fotos lindíssimas”, explica a mãe.
Inês conta ainda que a filha sempre teve ligações com a arte. Gosta de esculpir em cerâmica, já construiu um auto-retrato, tira fotos da família e já ensina as amigas a clicar imagens. Mas será que Julia já sabe o que fazer quando crescer? “Tenho uma lista de coisas guardadas em casa. Posso ser veterinária, jogadora de vôlei, fotógrafa e editora.”
A Jornada Científica durou das 20h da sexta-feira, 16, até às 20h do sábado, 17, e contou com a presença de mais de 20 fotógrafos. De acordo com Douek, a segunda edição de 2009 será no Carnaval, em que serão registrados um bloco de rua no Vale do Anhangabaú.
“As prostituas estão saindo da rua Augusta”
Moradora da rua Augusta há dois anos, a arte educadora Valu Ribeiro flagrou em suas lentes aquilo que considera “escasso” na região: as profissionais da noite. Depois de procurar cerca de quatro horas pelo seu objeto de imagem, conseguiu, na madrugada de sexta para o sábado, encontrar uma mulher que esperava por seu cliente, discretamente, em uma das esquinas da Augusta.
“Acho que a rua já está perdendo o estereotípico de lugar de garotas de programa. Hoje ela é um espaço ligado ao comércio, à culinária e à diversão.” Pelo fato de freqüentar diariamente a região, dias antes do encontro para a Jornada, Valu e Douek caminharam duas horas por toda a extensão da Augusta. A idéia era encontrar elementos que servissem de base para instruir os demais fotógrafos no dia da jornada.
Um dos pontos observados foi a diversidade de tribos que circula pelo local. Havia dúvidas de que as pessoas autorizariam os cliques dos fotógrafos no dia do evento mas, conforme a arte educadora já havia previsto, os personagens pediam para serem retratados. “A rua virou também uma espécie de vitrine”.