Mexicana é condenada a chibatadas por denunciar abuso sexual no Qatar
A jovem deixou de ser tratada como vítima de estupro para ser acusada de manter uma relação extraconjugal com o agressor
A economista mexicana Paola Schietekat, que trabalhava em uma empresa ligada à organização da Copa do Mundo de 2022, foi condenada a 100 chibatadas e a sete anos de prisão após denunciar ter sido vítima de abuso sexual no Qatar.
A jovem de 27 anos contou que um homem invadiu seu apartamento em Doha, capital do país, enquanto ela dormia e a violentou. Isso aconteceu em 6 de junho do ano passado.
Paola, que se converteu ao islamismo em sua juventude, resolveu denunciar a violência às autoridades do Qatar, mas a corte do país entendeu que ela era a culpada e não o agressor, que acabou sendo liberado.
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Segundo ela, o estuprador se defendeu dizendo que ele e Paola mantinham um relacionamento amoroso, isso foi entendido pelas autoridades locais como se ela tivesse uma “relação extraconjugal” com o homem.
Pela lei islâmica, a punição para esses casos prevê a pena de 100 chibatadas e sete anos de cárcere.
Paola chegou a reunir uma série de provas contra o estuprador, como um laudo médico e fotos de manchas roxas deixadas pelo homem nos braços, ombros e costas. Porém, o material não foi suficiente diante do argumento do agressor.
De volta ao México
De acordo com o jornal El Pais, em julho do ano passado, Paola conseguiu deixar o Qatar com o apoio do Comitê Supremo de Entrega e Legado. Já em seu país, ela recebeu a informação de que seu agressor havia sido absolvido de todas as acusações, pois “não havia câmeras para verificar se o ataque ocorreu”.
O processo judicial, no entanto, ainda segue. Em 14 de fevereiro, ela foi chamada para uma segunda audiência em um tribunal criminal de Doha, mas ela e seu advogado não compareceram.
Para a jovem mexicana, o caso se resume em “um mundo que parece odiar as mulheres”. “Copa do Mundo em um país onde relacionamentos fora do casamento ou homossexualidade são punidos? Como essa embaixada servirá a milhares de mexicanos e mexicanas que não falam árabe, que também não conhecem as leis do Qatar?”, questionou ela.
Abuso sexual
Assédio sexual precisa e deve ser denunciado, no Brasil ou no exterior. A forma como a denúncia é acolhida, é claro, que varia de acordo com as leis de cada país.
Quando isso acontece no exterior, a vítima precisa acionar a embaixada de seu país.
O assédio contra mulheres envolve uma série de condutas ofensivas à dignidade sexual que desrespeitam sua liberdade e integridade física, moral ou psicológica.
Lembre-se: onde não há consentimento, há assédio! Não importa qual roupa você vista, de que modo você dance ou quantas e quais pessoas você decidiu beijar (ou não beijar): nenhuma dessas circunstâncias autoriza ou justifica o assédio.
Veja neste link como denunciar assédio ou estupro no Brasil.