Militares se rebelam contra Bolsonaro: ‘Exército não é ‘instituição de governo’

Declarações de generais ocorreram na semana em que o presidente defendeu uso de 'pólvora' para proteger a Amazônia.

Após críticas veladas dos generais Santos Cruz e Paulo Chagas, mais um militar de alta patente abriu fogo contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta sexta-feira, 13, o comandante do Exército, general Edson Pujol, disse que a instituição não pertence nem ao governo nem a partidos políticos.

“Não somos instituição de governo, não temos partido, nosso partido é o Brasil. Independente de mudanças ou permanências em determinado governo por um período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da nação. Elas são instituições de Estado, permanentes. Não mudamos a cada 4 anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nossas missões”, afirmou o general durante um seminário de Defesa Nacional, promovido pelas Forças Armadas.

Declarações de generais ocorreram na semana em que o presidente defendeu uso de ‘pólvora’ para proteger a Amazônia
Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
Declarações de generais ocorreram na semana em que o presidente defendeu uso de ‘pólvora’ para proteger a Amazônia

Ontem, em uma live, Pujol afirmou que os militares não querem fazer parte da política nem querem que a política entre nos quartéis.

As declarações vêm em meio às recentes invocações das Forças Armadas por parte de Jair Bolsonaro. Na última quarta-feira (11), o presidente defendeu o uso de “pólvora” para defender a Amazônia, em uma alusão a fala do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que defendeu durante a campanha eleitoral sanções econômicas ao Brasil caso o país não detivesse a destruição da floresta.

“País de maricas”

Também ontem, ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, usou as redes sociais para criticar a declaração feita por Bolsonaro que o Brasil seria “um país de maricas” ao falar sobre os mortos pela covid-19.

“CANSADO DE SHOW. O Brasil não é um país de maricas”, escreveu o militar no Twitter.

O general também classificou de vergonha a comemoração de Bolsonaro com suspensão dos testes com a vacina CoronaVac no começo da semana pela Anivisa.

“Não é assunto particular. O trato tem ser técnico e dentro da lei. Fora disso é irresponsabilidade, falta de noção mínima das obrigações, desrespeito pela saúde dos cidadãos. Vergonha! Sem classificação!”, disse o ex-ministro.

Logo após ao tuíte de Santos Cruz, outro militar de alta patente, o general Paulo Chagas, também usou a plataforma para mandar um recado a Bolsonaro. Na publicação, o militar disse “que deixou de dar atenção a pronunciamentos de fanfarrões, às suas ameaças absurdas e à exposição do seu despreparo e falta de maturidade.