Ministério da Saúde prega eletrochoque e retorno de manicômios

O texto de 32 páginas ainda defende a abstinência para o tratamento de dependentes de drogas

No passado, a eletroconvulsoterapia foi associada a torturas em pacientes
Créditos: zodebala / iStock
No passado, a eletroconvulsoterapia foi associada a torturas em pacientes

Um documento do Ministério da Saúde, publicado em reportagem de Lígia Formenti, do Estadão, dá aval para a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia (eletrochoques) e reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais psiquiátricos. O texto de 32 páginas ainda prega a abstinência para o tratamento de dependentes de drogas.

Ao jornal, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmou que não conhece o documento. Quando tomou conhecimento dos temas abordados, declarou: “Sem dúvida (as medidas) são polêmicas”. No passado, a eletroconvulsoterapia foi associada a torturas em pacientes e abusos cometidos por profissionais de hospitais psiquiátricos.

Quirino Cordeiro, Coordenador Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, que assina a nota técnica, defendeu o destaque dado ao tratamento. Segundo ele, a ideia é orientar gestores do SUS sobre a política de saúde mental, o que passa por abordar o uso da eletroconvulsoterapia.

O Conselho Municipal de Saúde declarou estar surpreendido pela Nota Técnica, publicada pelo Ministério da Saúde, que incentiva o retorno dos manicômios e, ao mesmo tempo, libera a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia.

“As pessoas com problemas mentais estão sendo cuidadas por suas famílias, reintegradas à comunidade. Isso é um retrocesso absurdo. Essas clínicas saqueavam o Estado com as internações. É preciso que a sociedade diga não a esse retorno à Idade Média”, declarou o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edivaldo Bernardo de Lima, em entrevista ao programa Antena Ligada desta quarta-feira, 6, na Rádio Trabalhador.

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