MMPB: site escancara e analisa o machismo nas músicas nacionais

O projeto foi criado por cinco publicitárias

06/04/2018 17:07 / Atualizado em 05/05/2020 10:12

MMPB: Música Machista Popular Brasileira
MMPB: Música Machista Popular Brasileira

  • “Hoje o clima ta quente
    Eu vou te deixar bem louca
    Se ela faz jogo duro
    Não se desespera
    Taca cachaça que ela libera.” (Edy Lemond – Taca cachaça)
  • “Elas falam demais.
    Mas têm o que a gente quer.
    E elas torram a nossa grana.
    Mas tem o que a gente quer.” (Velhas Virgens – Buceta)
  • “Mulher que nega
    Nega o que não é para negar
    A gente pega, a gente entrega.” (Formosa – Vinicius de Moraes)

Apesar de serem de estilos diferentes, as três músicas acima têm algo em comum: o machismo reproduzido em suas letras. Apologia ao estupro, assédio sexual, violência doméstica e silenciamento fazem parte de inúmeras canções nacionais, e isso não é restrito ao funk.

Para evidenciar essa questão, um grupo de mulheres lançou nesta terça-feira, dia 3, o site Musica Machista Popular Brasileira (MMPB). “Por trás de toda música ‘inocente’, o reflexo de uma sociedade machista“, diz a descrição da plataforma.

O projeto foi criado pelas publicitárias Lilian Oliveira (Redatora), Natália Ehl (Diretora de Arte), Rossiane Antunez (Diretora de Arte) e Carolina Tod (UX).

Segundo Oliveira, a iniciativa surgiu de uma vontade em comum de usar suas habilidades e criatividade para fazer algo próprio e ligado ao feminismo. “O projeto tomou forma perto de quando a polêmica do funk ‘Só Surubinha de Leve’ explodiu. Por isso, resolvemos dar destaque para outras músicas de outros tantos gêneros que também são machistas”, afirma.

“A ideia é mostrar pra pessoas como a mulher é retratada de forma bem questionável na nossa música há muito tempo. As letras apresentadas são sintomáticas de uma sociedade sexista”, completa a publicitária.

Outra música analisada é “Vai Tomar Dormindo”, do MC Roba Cena
Outra música analisada é “Vai Tomar Dormindo”, do MC Roba Cena

No MMPB, há um botão escrito “dá um shuffle”, que embaralha as músicas e seleciona aleatoriamente uma das canções do acervo. Junto da letra e do vídeo da faixa, é exibido o motivo pelo qual a letra é considerada problemática.

“A música como produto cultural retrata e reflete a sociedade, e é importante que as pessoas enxerguem que ainda temos um grande caminho pela frente. É preocupante ouvir a romantização do ciúmes em inúmeras músicas quando o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo”, finaliza.

Há tanto homens como mulheres na plataforma. Péricles, Raimundos, MC Denny, Velhas Virgens, Valesca Popozuda,  Rael, Ludmilla e Vinicius de Moraes estão entre os nomes citados.

A ideia é que o site seja atualizado a partir de sugestões feitas pelo público. As músicas serão analisadas e depois publicadas. Para saber mais, clique aqui!

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