Moro: homem comete violência, pois se sente intimidado por mulher

As declarações do ministro foram feitas durante uma cerimônia de comemoração dos 13 anos da Lei Maria da Penha

07/08/2019 16:38 / Atualizado em 11/09/2019 11:09

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta quarta-feira, 7, que os homens recorrem à violência porque se sentem intimidados e não aceitam que as mulheres, no geral, são mais fortes e melhores.

“Muitas vezes, se diz que são necessárias políticas de proteção à mulher porque, dizem, elas são vulneráveis. Mas isso não é verdade, porque elas são mais fortes e melhores do que os homens. Por que são melhores do que nós? Talvez porque nós, homens, somos intimidados e, por conta dessa intimidação, nós, homens, recorremos à violência para firmar uma pretensa superioridade que não existe”, declarou o ministro. “Mulheres são melhores, mas precisam de proteção maior, até por essa condição.”

Para o ministro, os homens se sentem inseguros porque as mulheres são mais fortes
Para o ministro, os homens se sentem inseguros porque as mulheres são mais fortes - Agência Brasil

As declarações de Moro foram feitas durante uma cerimônia de comemoração dos 13 anos da Lei Maria da Penha. Nela, o Ministério da Justiça e mais 10 órgãos assinaram o “Pacto pela Implementação de Políticas Públicas de Prevenção e Combate à Violência contra Mulheres”. A ideia é ampliar a articulação do poder público visando a políticas que evitem esse tipo de prática.

ENTENDA COMO FUNCIONAM AS DELEGACIAS DE DEFESA DA MULHER

Também presente no evento, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse que sua expectativa é que o pacto resulte em ações concretas. “Não podemos aceitar que o ódio e a violência criem raízes na nossa sociedade”, afirmou, segundo informações da Agência Brasil.

Citando a escritora Clarice Lispector, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, falou sobre a luta histórica das mulheres pelos próprios direitos políticos e civis. “Liberdade é pouco. O que queremos ainda não tem nome”, ressaltou. “Sim, liberdade é pouco. O que queremos é dignidade”, completou.

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, apresentou dados de 2018, do Disque 180, segundo os quais foram contabilizadas 92 mil denúncias de violência contra a mulher. Neste ano, já houve 42 mil registros, informou a ministra. “Mas tenho um recado para os agressores: acabou a palhaçada no Brasil! Estamos todos unidos contra a violência contra a mulher.”

Veja como denunciar a violência doméstica

No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia, 180, a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano e a ligação é gratuita. Há atendentes capacitados em questões de gênero, políticas públicas para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres.

O Conselho Nacional de Justiça do Brasil recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem uma delegacia, de preferência as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher. Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.

A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.

Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.