Moro: homem comete violência, pois se sente intimidado por mulher
As declarações do ministro foram feitas durante uma cerimônia de comemoração dos 13 anos da Lei Maria da Penha
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta quarta-feira, 7, que os homens recorrem à violência porque se sentem intimidados e não aceitam que as mulheres, no geral, são mais fortes e melhores.
“Muitas vezes, se diz que são necessárias políticas de proteção à mulher porque, dizem, elas são vulneráveis. Mas isso não é verdade, porque elas são mais fortes e melhores do que os homens. Por que são melhores do que nós? Talvez porque nós, homens, somos intimidados e, por conta dessa intimidação, nós, homens, recorremos à violência para firmar uma pretensa superioridade que não existe”, declarou o ministro. “Mulheres são melhores, mas precisam de proteção maior, até por essa condição.”
As declarações de Moro foram feitas durante uma cerimônia de comemoração dos 13 anos da Lei Maria da Penha. Nela, o Ministério da Justiça e mais 10 órgãos assinaram o “Pacto pela Implementação de Políticas Públicas de Prevenção e Combate à Violência contra Mulheres”. A ideia é ampliar a articulação do poder público visando a políticas que evitem esse tipo de prática.
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ENTENDA COMO FUNCIONAM AS DELEGACIAS DE DEFESA DA MULHER
Também presente no evento, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse que sua expectativa é que o pacto resulte em ações concretas. “Não podemos aceitar que o ódio e a violência criem raízes na nossa sociedade”, afirmou, segundo informações da Agência Brasil.
Citando a escritora Clarice Lispector, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, falou sobre a luta histórica das mulheres pelos próprios direitos políticos e civis. “Liberdade é pouco. O que queremos ainda não tem nome”, ressaltou. “Sim, liberdade é pouco. O que queremos é dignidade”, completou.
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, apresentou dados de 2018, do Disque 180, segundo os quais foram contabilizadas 92 mil denúncias de violência contra a mulher. Neste ano, já houve 42 mil registros, informou a ministra. “Mas tenho um recado para os agressores: acabou a palhaçada no Brasil! Estamos todos unidos contra a violência contra a mulher.”
Veja como denunciar a violência doméstica
No Brasil há um número específico para receber esse tipo de denúncia, 180, a Central de Atendimento à Mulher. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano e a ligação é gratuita. Há atendentes capacitados em questões de gênero, políticas públicas para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres.
O Conselho Nacional de Justiça do Brasil recomenda ainda que as mulheres que sofram algum tipo de violência procurem uma delegacia, de preferência as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher. Há também os serviços que funcionam em hospitais e universidades e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas Defensorias Públicas e Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento a mulheres.
Se for registrar a ocorrência na delegacia, é importante contar tudo em detalhes e levar testemunhas, se houver, ou indicar o nome e endereço delas. Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas-abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.