MP pede prisão preventiva de médico suspeito de abusos sexuais
Prefeito afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva é acusado de abusar de pacientes e filmar crimes
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) pediu à Justiça a prisão preventiva do médico e prefeito afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva, suspeito de cometer abusos sexuais. A solicitação foi divulgada pelo órgão nesta quinta-feira, 18, e confirma a preventiva feita pela Polícia Civil.
De acordo com informações do G1, a Promotoria de Justiça de Uruburetama justificou o pedido de prisão afirmando que o médico pode comprometer as investigações por sua “influência no município e no meio político”.
O portal teve acesso a 63 vídeos, feitos pelo próprio acusado, com as pacientes dentro do consultório. Segundo a Associação Médica Brasileira, as imagens mostram “claramente” um caso de estupro das vítimas.
O médico, no entanto, disse que as denúncias são uma jogada da oposição que quer “derrubá-lo”. Ele foi impedido pelo Conselho Regional de Medicina do Ceará de exercer a profissão de médico por seis meses.
O advogado Leandro Vasques, que representa a defesa de José Hilson, afirmou ao G1 que a lei pode favorecer o médico, pois “os fatos constantes nos vídeos já foram sufocados pelo tempo, como se fosse uma espécie de prescrição”.
VEJA COMO DENUNCIAR ASSÉDIO E ESTUPRO
Denúncias
José Hilson de Paiva, de 70 anos, há décadas cometia abusos sexuais e os filmava. Ele foi denunciado por, pelo menos, 63 violações sexuais mediante fraude, o mesmo crime pelo qual responde o médium João de Deus.
A denúncia foi divulgada, neste domingo, 14, pelo programa ‘Fantástico’ da TV Globo. Hilson filmou todos os crimes. Nas filmagens, o médico chama as vítimas de “bebê” enquanto comete os abusos.
Os abusos ocorriam em dois consultórios do médico, sendo um deles em sua própria casa. O outro fica no hospital público da cidade, que tem cerca de 20 mil habitantes.
Seis vítimas do médico deram entrevista ao ‘Fantástico’ e relataram histórias semelhantes. Uma delas contou que foi abusada pela primeira vez aos 14 anos e disse só ter voltado a se consultar porque o prefeito também é o único ginecologista da cidade. Os relatos parecidos contam que José Hilson colocava os seios delas na boca e sugava sob o pretexto de identificar se havia secreção nas mamas – que também se repete em praticamente todos os vídeos no qual ele aparece cometendo os abusos.
As imagens foram mostradas para o membro da Associação Médica Brasileira, Diogo Leite Sampaio, que afirmou à reportagem não haver qualquer procedimento médico que se assemelhe ao praticado pelo ginecologista. “Isso é um crime”, resumiu Sampaio.