Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada

Segundo relato da família, a morte da Maria de Sousa Neta poderia ter sido evitada se o médico a tivesse tratado com vacina e soro

10/06/2021 13:52

Uma mulher morreu após ser atacada por uma raposa e passar 34 dias internada, com diagnóstico de raiva humana, em um hospital público de João Pessoa, na Paraíba.

Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada
Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada - Istock/Aleksandra Pavlova

A aposentada Maria de Sousa Neta, de 67 anos, retornava para casa, no sítio Craúnas, no município de Riacho dos Cavalos, sertão da Paraíba, quando foi atacada.

O agricultor Francisco Emídio de Sousa, de 49 anos, contou à Folha de S. Paulo que sua irmã tentou se defender, mas acabou levando uma mordida. A mulher teve um dos dedos das mãos arrancado e ficou com vários arranhões.

Segundo relato da família, a morte da aposentada poderia ter sido evitada se o médico, que prestou o primeiro atendimento à Maria após o ataque da raposa, tivesse a tratado com vacina e soro. De acordo com familiares, o profissional de saúde teria garantido que “não existia mais vacina”.

“Ele disse: ‘Vou medicar ela que é a mesma coisa e vai resolver’. Colocou para tomar soro e falou que queria vê-la depois de dez dias”, conta o irmão.

A mulher voltou pra casa e chegou a ouvir que estava curada. Após 62 dias ele passou a sofrer com desorientação, dificuldades de deglutição e agitação psicomotora. Ao retornar ao posto de saúde, o mesmo médico sugeriu que fossem a um hospital na cidade vizinha.

No hospital, o novo médico suspeitou de raiva ao ouvir o relato do ataque e então encaminhou a aposentada para o Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa e lá ela foi imediatamente para a UTI.

“Nós ficamos arrasados com a morte dela, principalmente do jeito que foi. O médico matou minha irmã. Disse que não tinha vacina. Depois eu soube que na cidade vizinha tinha. Se ele não quisesse usar o carro da prefeitura, era só dizer onde tinha que a gente levava”, disse o irmão da vítima à Folha.

O médico Paulo César Araújo negou que tenha dito que não existia vacina e afirmou à Folha: “Eu fiz o primeiro atendimento e orientei sobre esse assunto. A gente sabia do problema das vacinas que a gente tem na nossa regional, mas, quando eu atendi na unidade mista, deixei a critério da unidade de saúde a qual ela pertencia”.

Sobre Raiva Humana

A raiva é uma doença infecciosa que afeta o sistema nervoso central de mamíferos. O principal transmissor da doença é o morcego hematófago da espécie desmodus rotundus, que ataca animais e também seres humanos.