Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada

Segundo relato da família, a morte da Maria de Sousa Neta poderia ter sido evitada se o médico a tivesse tratado com vacina e soro

Uma mulher morreu após ser atacada por uma raposa e passar 34 dias internada, com diagnóstico de raiva humana, em um hospital público de João Pessoa, na Paraíba.

Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada
Créditos: Istock/Aleksandra Pavlova
Mulher atacada por raposa não sobrevive após 34 dias internada

A aposentada Maria de Sousa Neta, de 67 anos, retornava para casa, no sítio Craúnas, no município de Riacho dos Cavalos, sertão da Paraíba, quando foi atacada.

O agricultor Francisco Emídio de Sousa, de 49 anos, contou à Folha de S. Paulo que sua irmã tentou se defender, mas acabou levando uma mordida. A mulher teve um dos dedos das mãos arrancado e ficou com vários arranhões.

Segundo relato da família, a morte da aposentada poderia ter sido evitada se o médico, que prestou o primeiro atendimento à Maria após o ataque da raposa, tivesse a tratado com vacina e soro. De acordo com familiares, o profissional de saúde teria garantido que “não existia mais vacina”.

“Ele disse: ‘Vou medicar ela que é a mesma coisa e vai resolver’. Colocou para tomar soro e falou que queria vê-la depois de dez dias”, conta o irmão.

A mulher voltou pra casa e chegou a ouvir que estava curada. Após 62 dias ele passou a sofrer com desorientação, dificuldades de deglutição e agitação psicomotora. Ao retornar ao posto de saúde, o mesmo médico sugeriu que fossem a um hospital na cidade vizinha.

No hospital, o novo médico suspeitou de raiva ao ouvir o relato do ataque e então encaminhou a aposentada para o Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa e lá ela foi imediatamente para a UTI.

“Nós ficamos arrasados com a morte dela, principalmente do jeito que foi. O médico matou minha irmã. Disse que não tinha vacina. Depois eu soube que na cidade vizinha tinha. Se ele não quisesse usar o carro da prefeitura, era só dizer onde tinha que a gente levava”, disse o irmão da vítima à Folha.

O médico Paulo César Araújo negou que tenha dito que não existia vacina e afirmou à Folha: “Eu fiz o primeiro atendimento e orientei sobre esse assunto. A gente sabia do problema das vacinas que a gente tem na nossa regional, mas, quando eu atendi na unidade mista, deixei a critério da unidade de saúde a qual ela pertencia”.

Sobre Raiva Humana

A raiva é uma doença infecciosa que afeta o sistema nervoso central de mamíferos. O principal transmissor da doença é o morcego hematófago da espécie desmodus rotundus, que ataca animais e também seres humanos.