Mulher trans realiza sonho de ser mãe ao lado da melhor amiga
Nem só de datas comerciais como o Dia das Mães é feito este mês: 17 de maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia. É mais uma data para repensar a maneira como a sociedade lida com as questões de gênero, porém, a transfobia também é uma questão urgente a ser discutida, os tabus que cercam a transexualidade e muitas vezes condenam a população trans a uma vida de silêncios e privações.
Luiza Valentim, de 27 anos, é uma mulher trans – ou seja, não se identifica com seu sexo nascimento e se coloca socialmente como mulher.
Em entrevista publicada no UOL, ela conta que estava no meio de seu transicionamento quando decobriu que ficaria estéril como consequência do tratamento hormonal para a mudança de gênero.
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Foi então que ela dediciu que, não só se tornaria mulher, mas também mãe, e resolveu ter um filho com sua companheira de casa e melhor amiga Graziele.
“Entender que sou uma mulher trans trouxe muitas questões e angústias à minha vida. Mas uma das maiores surgiu quando dei início à transição”, conta Luiza à reporter Helena Bertho.
Na época, Luiza tinha 24 anos, e lutou para contornar a sentença de que nunca poderia ser mãe. Sua história provoca uma reflexão sobre a condição de pessoas transexuais, que, ao mesmo tempo em que necessitam se libertar de um corpo com o qual não se identificam, precisam assumir as consequências de não poder vivenciar algumas experiências limitadas ao gênero, como a maternidade.
“Apesar de nosso relacionamento ser de pura amizade, ela nem hesitou, na hora gostou da ideia e embarcamos nisso juntas. Assim, pude viver ao mesmo tempo a experiência de me descobrir mulher e mãe”, conta.
Em seu relato, Luiza relembra os profundos traumas psíquicos que experiencou durante a descoberta de sua disforia de gênero, que fez com que ela desenvolvesse síndrome do pânico e pensamentos suicidas. “Eu estava completamente perdida quando encontrei uma médica que me explicou direito o que era ser uma pessoa trans, contou como essas pessoas se sentiam e, conforme ela falava, eu ia me enxergando em suas palavas”, explica.
“Ser mãe ou pai tem a ver com cuidado e com os valores que você passa para o filho”
O processo de transição não foi a única dificuldade, afinal, ela subverteu a imagem da maternidade da forma como ela é socialmente aceita. “Mas a criança vai crescer sem pai?”, era um dos questionamentos que ouvia. É aí que se segue toda uma explicação sobre paternidade e maternidade ser algo muito além do sexo biológico e dos papéis de gênero socialmente construídos. Diárias batalhas à parte em uma luta contínua contra o preconceito e pelo entendimento de os vínculos afetivos não têm a ver com orientação sexual ou identidade de gênero.
“Como moramos em uma cidade pequena, eram muitos os estereótipos e paradigmas que eu precisava quebrar. Digo até que foi um processo de imposição da minha identidade, porque o tempo todo a sociedade ficava tentando me falar quem eu podia ser ou não”.
Como Luiza, à época da decisão, ainda não tinha transicionado integralmente, a concepção do bebê foi feita da forma tradicional. Grazi deu à luz em um parto natural e, durante o primeiro ano de vida do pequeno Hael, a criação foi compartilhada. No início deste ano, Luiza fez a cirurgia de redesignação de sexo.
“Entendi que ser mãe é transmitir os meus valores para ele”, diz Luiza. Clique aqui para ler a reportagem na íntegra e inspire-se com essa história de maternidade e luta contra o preconceito.
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