Músico negro é detido mais uma vez por crime que não cometeu
Apesar de inocentado pela Justiça, o mandado de prisão continuava em aberto
O músico Luiz Carlos Justino, de 25 anos, foi preso no início de setembro de 2020 em uma blitz quando voltava de uma apresentação da Orquestra de Cordas da Grota, de Niterói (RJ). Ele era acusado de participar de um assalto à mão armada em 2017, e ficou detido por quatro dias até provar inocência.
Na noite da última segunda-feira, 22, ele foi parado novamente em uma blitz. Dessa vez, ele retornava de uma partida de futebol com amigos, em Charitas (RJ), e foi detido pelo mesmo crime de 2017 -aquele que o músico não cometeu.
Justino foi conduzido para a 79ª DP e, mais uma vez, teve que provar ser inocente para ser liberado.
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Apesar de ter sido inocentado há dois anos, o sistema do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, do Conselho Nacional de Justiça, deixou um mandado de prisão em aberto.
“Agora eu tenho que ficar em casa. Como eu vou comprovar? Meu nome é Luiz Carlos da Costa Justino. E eu nem quero ser o Justino, de tão pesado que ficou”, disse o músico ao Bom Dia Rio, da Rede Globo.
Pelo crime de 2017, Justino teria sido reconhecido por foto. Na época, por intervenção da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil – seção Rio de Janeiro), o juiz Gabriel Stagi Hossmann determinou que a fotografia do músico fosse retirada do álbum de suspeitos.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro reafirmou a absolvição e confirmou que a imagem foi retirada do álbum de suspeitos da delegacia. O processo foi arquivado.
Casado e pai de uma menina, Justino é violoncelista e músico desde os 6 anos.