‘Não foi bandido ou policial: foi o Estado’, afirma pai de Kathlen
Grávida de 4 meses, Kathlen de Oliveira Romeo foi morta durante uma ação policial no Rio
Pai da jovem grávida que morreu em meio a um conflito entre uma facção criminosa e a Polícia Militar do Rio de Janeiro na última terça-feira, 8, o personal trainer Luciano Gonçalves, de 43 anos, culpa a ineficiência do Estado pela tragédia na família.
“O Estado tirou tudo da gente. Não foi bandido ou policial, foi o Estado”, disse em entrevista ao jornal “Extra”. “Ele é o responsável por tudo. Eu não pago imposto para isso. Eu não pago imposto para ter filho morto.”
“A política de confronto é a de enxugar gelo. O Estado tem que intervir na raiz. E qual é a raiz? É a ressocialização”, disse Gonçalves. “É preciso ter uma reformulação total nesse tipo de incursão, principalmente nas periferias e nas favelas, e mudar esse jeito genocida, truculento e desumano com que eles entram.”
A família de Kathlen Romeu presta depoimento à Polícia Civil na nesta sexta-feira, 11. Serão ouvidos os testemunhos dos pais, do namorado e da avó, que estava com a vítima quando foi baleada.
A mãe da jovem, Jackeline de Oliveira Lopes, de 40 anos, criticou como a abordagem policial muda de acordo com a classe social dos moradores.
“É diferente o trato da polícia na Zona Sul e na Zona Norte. Lá tem educação. E os políticos? Será que entraram na casa do Sérgio Cabral metendo o pé na porta? Será?”, questionou.
“Quando eu falo que o trato é diferente, eu não quero que cheguem lá e tratem como os daqui. Eu quero que tratem os daqui como tratam os de lá. Não é assim: aqui você me bate e lá tem que bater também. Não. Lá você não bate, mas também não quero apanhar aqui. Só queremos os mesmos direitos. A gente só mora em lugares diferentes.”