‘Não foi bandido ou policial: foi o Estado’, afirma pai de Kathlen

Grávida de 4 meses, Kathlen de Oliveira Romeo foi morta durante uma ação policial no Rio

Pai da jovem grávida que morreu em meio a um conflito entre uma facção criminosa e a Polícia Militar do Rio de Janeiro na última terça-feira, 8, o personal trainer Luciano Gonçalves, de 43 anos, culpa a ineficiência do Estado pela tragédia na família.

“O Estado tirou tudo da gente. Não foi bandido ou policial, foi o Estado”, disse em entrevista ao jornal “Extra”. “Ele é o responsável por tudo. Eu não pago imposto para isso. Eu não pago imposto para ter filho morto.”

Kathlen de Oliveira Romeo, de 24 anos, grávida morta no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio
Créditos: Reprodução/Redes sociais
Kathlen de Oliveira Romeo, de 24 anos, grávida morta no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio

“A política de confronto é a de enxugar gelo. O Estado tem que intervir na raiz. E qual é a raiz? É a ressocialização”,  disse Gonçalves. “É preciso ter uma reformulação total nesse tipo de incursão, principalmente nas periferias e nas favelas, e mudar esse jeito genocida, truculento e desumano com que eles entram.”

A família de Kathlen Romeu presta depoimento à Polícia Civil na nesta sexta-feira, 11. Serão ouvidos os testemunhos dos pais, do namorado e da avó, que estava com a vítima quando foi baleada.

Grávida morta por bala perdida no Rio já tinha escolhido nomes para bebê
Créditos: Reprodução/Instagram @eukathlenromeu
Grávida morta por bala perdida no Rio já tinha escolhido nomes para bebê

A mãe da jovem, Jackeline de Oliveira Lopes, de 40 anos, criticou como a abordagem policial muda de acordo com a classe social dos moradores.

“É diferente o trato da polícia na Zona Sul e na Zona Norte. Lá tem educação. E os políticos? Será que entraram na casa do Sérgio Cabral metendo o pé na porta? Será?”, questionou.

“Quando eu falo que o trato é diferente, eu não quero que cheguem lá e tratem como os daqui. Eu quero que tratem os daqui como tratam os de lá. Não é assim: aqui você me bate e lá tem que bater também. Não. Lá você não bate, mas também não quero apanhar aqui. Só queremos os mesmos direitos. A gente só mora em lugares diferentes.”