‘Não sei o que é a farinha; não será distribuída’, diz secretário
O programa "Alimento para Todos", da Prefeitura de São Paulo, recebeu críticas desde seu lançamento, em 8 de outubro
Após a repercussão negativa do programa “Alimento para Todos”, o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo, Filipe Sabará, afirmou que o “Allimento” – granulado feito à base de produtos perto da data de vencimento – não será distribuído para a população de rua. “Eu nem sei o que é isso [a farinha]. Como vou distribuir um negócio que acabei de conhecer?”, diz ao Catraca Livre.
No entanto, no dia do lançamento do programa, 8 de outubro, o próprio prefeito João Doria publicou um vídeo no Facebook afirmando que o produto, da empresa Plataforma Sinergia, seria distribuído gradualmente a partir de outubro por “várias entidades do terceiro setor, igrejas, templos, sociedade civil, além da própria prefeitura”.
“Aqui, você tem alimentos que estariam sendo jogados no lixo e que são reaproveitados, com toda a segurança alimentar. São liofilizados e transformados em um alimento completo: em proteínas, vitaminas e sais minerais. (…) Este é um produto abençoado”, declarou Doria. Confira no vídeo abaixo:
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Segundo o site da Prefeitura de São Paulo, a iniciativa seguirá as normas do Projeto de Lei no 550/2016, do vereador Gilberto Natalini, que institui a Política Municipal de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos (PMEFSA), também sancionada pelo prefeito, para evitar o desperdício de comida.
Desde que foi anunciado, o produto recebeu críticas de especialistas, inclusive por parte do Conselho Regional de Nutricionistas. Em nota, a entidade declarou: “[A proposta] contraria os princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), bem como do guia alimentar para a população brasileira, em total desrespeito aos avanços obtidos nas últimas décadas no campo da segurança alimentar”.
De acordo com o secretário, o programa está sendo desenvolvido com especialistas e muitos outros ainda serão convidados a participar, inclusive o conselho de nutricionistas. “Não há parcerias definidas, nem mesmo com a Plataforma Sinergia, essa é apenas uma das opções. O que foi colocado no dia do lançamento é que a prefeitura está aberta para fazer parcerias (não monetárias) para fomentar o fim do desperdício.”
Sabará ressalta que esse tipo de “farinha” ou qualquer outra tecnologia oferecida só serão distribuídas à população como complemento dos alimentos in natura e quando o programa “Alimento para Todos” for de fato discutido com respaldo de conselhos e especialistas. Para ele, o que importa disso tudo “é a lei sancionada por Doria para que as indústrias e os produtores não desperdicem alimentos enquanto pessoas passam fome”.
O secretário cita, ainda, outro projeto que será lançado, chamado “Alimento Certo”, cuja proposta é que as pessoas que distribuem alimentos entreguem tudo aos locais corretos da prefeitura para que passem por uma avaliação prévia sobre a qualidade da comida.
- A quantidade de comida descartada no Brasil por ano — 15 milhões de toneladas — alimentaria toda a população do país por 47 dias. Leia neste link o especial “Desperdício de comida: o que eu tenho a ver com isso?”.