Secretário de Doria come ‘ração’ para moradores de rua; assista

Chamado de "composto alimentar granulado", o produto recebeu inúmeras críticas desde que foi anunciado pela prefeitura

O alimento é produzido com comidas que estão com a data de vencimento próxima

Em entrevista ao SBT, o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo, o empresário Filipe Sabará, experimentou o alimento que será fornecido à população em situação de rua na capital paulista, anunciado por João Doria.

Chamado de “composto alimentar granulado”, o alimento é produzido com comidas que estão com a data de vencimento próxima. O produto faz parte do programa “Alimento para todos” e, segundo o prefeito, é rico em proteínas, vitaminas e sais minerais. A distribuição já começa em outubro em alguns pontos da cidade.

Desde que foi anunciado, o alimento chegou a ser chamado de “ração” e recebeu inúmeras críticas, inclusive do Conselho Regional de Nutrição. Em nota, a entidade afirmou que a ação fere os princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e vai contra os avanços em políticas públicas de combate à fome e à desnutrição.

“O Conselho Regional de Nutrição se manifesta contrário à proposta, pois contraria os princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), bem como do Guia alimentar para a população brasileira, em total desrespeito aos avanços obtidos nas últimas décadas no campo da segurança alimentar e no que tange as políticas públicas sobre as ações de combate à fome e desnutrição”, diz o texto.

Em Milão, o prefeito rebateu as críticas e declarou que são fruto de “total falta de conhecimento”. “O Brasil tem de colocar ideologia e partidarismo nas coisas. Aquilo foi desenvolvido por cientistas. É um trabalho de anos. Foi submetido à prefeitura com todo o respaldo de cientistas. O alimento liofilizado dura anos. É o mesmo que os astronautas consomem em missões espaciais. É bom. Eu experimentei. Tem vários sabores.”

O projeto

Segundo a prefeitura, o projeto “Alimento para Todos”, em parceria com a Plataforma Sinergia, visa “combater o desperdício de alimentos” e prevê “a destinação de todos os tipos de alimentos de boa qualidade e dentro do vencimento para a produção do Allimento, um granulado nutritivo que será entregue às populações que enfrentam carências nutricionais no município”.

No entanto, a empresa responsável por produzir o produto, chamado por Doria de “abençoado”, não tem fábrica em atividade e nem capacidade de produzir em escala. A Sinergia opera hoje com a ajuda de indústrias licenciadas, mas nunca produziu em escala, de acordo com a CBN.

Assista ao vídeo da reportagem do SBT:

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