Netflix vai ao STF para manter vídeo do Porta dos Fundos no ar
A Netflix afirma que “a decisão do desembargador tem efeito equivalente ao da bomba utilizada no atentado terrorista: "O silencio por meio do medo"
A Netflix foi ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira, 9, pedir a liberação do “Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo” que teve a exibição do vídeo suspensa na plataforma de streaming por decisão da Justiça do Rio de Janeiro, nesta quarta, 8, atendendo ao pedido de uma associação católica.
O desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível decidiu ontem que “por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida”.
A Netflix afirma que “a decisão do desembargador tem efeito equivalente ao da bomba utilizada no atentado terrorista à sede do Porta dos Fundos: 0 silencio por meio do medo e da intimidação”. A empresa também classifica a suspensão como censura.
“A verdade é que a censura, quando aplicada, gera prejuízos e danos irreparáveis. Ela inibe. Embaraça. Silencia e esfria a produção artística”, diz.
O ministro Gilmar Mendes é o relator do pedido, mas como o Supremo está em recesso e só volta as atividades normais em fevereiro, a ação foi distribuída ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Ele pode julgar as questões que ele considerar urgentes.
Para a Netflix, a decisão do tribunal desobedece a um entendimento anterior do STF. “Tal ingerência judicial sobre o conteúdo cinematográfico equivale, ainda, a verdadeira censura ampla e geral. É que as decisões reclamadas, caso mantidas, têm o condão de causar um efeito silenciador no espectro da liberdade de expressão sobre outros conteúdos”, afirma.
Por que o vídeo do Porta dos Fundos na Netflix está incomodando tanto?
O especial de Natal está no ar desde dezembro. Nele, Jesus – interpretado por Gregório Duvivier – é surpreendido com uma festa de aniversário ao completar 30 anos, ao voltar do deserto acompanhado do namorado, Orlando (Fábio Porchat). O enredo gerou revolta de religiosos.
Em 24 de dezembro, a sede da produtora foi atacada com coquetéis molotov em retaliação ao especial que tem 46 minutos de duração. Um grupo de integralistas assumiu a autoria do ataque.