Nome de tenor é vetado em festa para não desagradar Bolsonaro

Jean Wyllys e o presidente eleito são conhecidos desafetos da política nacional

Jair Bolsonaro e Jean Wyllys são desafetos político
Créditos: Reprodução/Fotomontagem
Jair Bolsonaro e Jean Wyllys são desafetos político

A cerimônia que celebrou os 30 anos da Constituição que aconteceu na última terça-feira, 6, no Congresso, contou com um detalhe inusitado: o tenor responsável por cantar o hino nacional teve seu nome vetado pela similaridade com o do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), evitando assim qualquer desagrado ao presidente eleito Jair Bolsonaro, que compareceu ao evento.

De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o tenor, cujo nome é Jean William Silva, foi anunciado apenas como “Jean Silva”, subtraindo-se o “William”, para que, ao ter sua identidade proferida, não houvesse equívoco com o parlamentar Wyllys, único gay assumido do Congresso, e desafeto pessoal de Bolsonaro.

O artista disse não ter sido informado sobre a alteração e foi pego de surpresa pela mudança em seu tratamento. “Não recebi nenhuma informação, não sei dizer”.

Ainda segundo a Folha, a assessoria de imprensa do Senado informou que a secretaria-geral da mesa, que encaminhou a cerimônia, “optou pela praxe de usar o primeiro e o último nomes de autoridades e convidados”.

Desafetos

Ex-colegas de bancada na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro (PSL) e Jean Wyllys (PSOL) já protagonizaram discussões acaloradas por divergirem em suas respectivas ideologias.

Homossexual assumido, Jean já declarou várias vezes ter sido vítima de homofobia pelo futuro presidente do país, conhecido por suas declarações vistas como homofóbicas.

O momento de tensão mais evidente entre os dois políticos deu-se no dia da votação pela abertura do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016, quando, na ocasião, o parlamentar do PSOL chegou a cuspir na cara de Bolsonaro que, antes, havia insultado Jean.

“Nós estamos numa votação. Eu tenho direito político de fazer o voto que eu quero. Durante toda a votação eu não intervi no voto de ninguém. Não fui lá insultar ninguém. E, na hora que fui votar, esse canalha veio me insultar na saída e tentar agarrar meu braço, ele ou alguém que estivesse perto dele. Quando vi o insulto, devolvi cuspindo na cara dele, que é o que ele merece”, declarou o deputado na época.