O lixo que vira arte e a casa que se transforma em escultura

Uma ponte de vidro entre a realidade e o sonho. O sonho da artista plástica Débora Muszkat, que transformou sua própria casa, no bairro do Butantã, numa instalação de luzes, cores e reflexos. Há mais de 30 anos Débora trabalha com vidro. Nesse tempo vem pesquisando técnicas e explorando maneiras de reciclar o material e transformá-lo em arte, revestimento para construções, acessórios e o que mais se mostrar possível.

Divulgação
No reflexo, a artista diverte-se com sua criação.

A instalação erguida em sua casa (da qual a própria casa é parte) estará pronta no dia 19 de junho e foi batizada de “Através do Vidro”. “Procuro mostrar tudo o que é possível fazer com o lixo vidreiro”, conta a artista. O projeto da montagem foi concebido em parceria com o jornalista e crítico cultural Marcelo Coelho.

A enorme escultura erguida na área externa, assim como a casa que está aos poucos sendo engolida pela instalação, chama a atenção pelo jogo de luzes e reflexos, encantadores e aos mesmo tempo desconcertantes. “Outro dia vi pelo reflexo de um espelho que uma amiga minha tinha chegado, mas demorei um tempão para encontrá-la”, diverte-se.

A obra, que está em fase de finalização na casa da artista, é o resultado de décadas dedicadas ao estudo minucioso das técnicas de trabalho com vidro. “Apesar da indústria continuar, o artesanato vidreiro está se perdendo”, lamenta Débora. Por isso a artista aliou seus esforços aos de herdeiros de tradicionais empresas do ramo vidreiro, que mantém até hoje raridades como o forno de fusão ou a técnica de modelagem de cristal.

Outro importante aliado para a artista são empresas como a Saint-Gobain, que há muitos anos a apoia como “artista recicladora” e é uma importante fornecedora de matéria prima. Entre os restos que se transformam em arte pelas mãos habilidosas de Débora Muszkat estão frascos de perfume, pedaços de espelho, copos e garrafas quebrados. “Fiz isso na minha casa para mostrar que pode ser feito em qualquer praça pública, para aproximar os cidadãos da arte, da reciclagem.”.

Obs: um teaser do projeto estará sendo exibido nos próximos meses nas salas da rede Cinemark.

 Confira as imagens da Instalação feitas pelo fotógrafo Gal Oppido:

Clara Caldeira

Por Clara Caldeira

Jornalista, escritora e pesquisadora, especialista em gênero e meio ambiente. Apaixonada por literatura e pelas artes oraculares, está sempre em busca de formas de conectar seus estudos e suas paixões.