O que acontece quando os oceanos não conseguem respirar
Já não é mais segredo que as mudanças climáticas estão deixando os oceanos da Terra gravemente desestabilizados. Temperaturas crescentes, acidificação intensificada e perdas de habitats contribuem com uma perspectiva sombria para o futuro da biodiversidade marinha.
Agora, uma equipe de cientistas com sede na Universidade da Califórnia, em Davis, evidenciou outra ameaça eminente, impulsionada pelo clima: a perda de oxigênio em grandes faixas de habitats oceânicos. Os resultados da equipe foram publicados semana passada na revista científica PLOS ONE.
“O oxigênio é fundamental para a vida no oceano, assim como é fundamental para a vida fora do oceano”, Sarah Moffitt, principal autora do artigo, me contou ao telefone. “Todas as bacias oceânicas dos mares modernos estão perdendo oxigênio.”
- 8 consequências das mudanças climáticas, segundo a ONU
- Calorão na Austrália dá indícios do verão extremo que vai acontecer no Brasil em breve
- Maldivas: O que os blogueiros não te contam mas você precisa saber
- 5 curiosidades sobre as Maldivas que os blogueiros não te contam
Para antecipar o efeito que a desoxigenação global pode ter sobre a ecologia oceânica, Moffitt e seus colegas estudaram o período de aquecimento mais recente, de 17 mil a 10 mil anos atrás, aproximadamente.
Ela enfatizou que esse período pré-histórico de degelo e nossa crise moderna de clima antropogênico não são perfeitamente análogos. Mas, mesmo assim, os cientistas podem fazer amplas avaliações sobre o efeito de mudanças climáticas em níveis oceânicos de oxigênio.
“As mudanças climáticas modernas são tão bizarras”, disse Moffitt. “É muito importante entendê-las, e agora é crucial analisar os eventos passados para compreender como os sistemas da Terra podem mudar.”
Para entender melhor o efeito do último periodo de aquecimento sobre os níveis de oxigênio nos oceanos, a equipe de Moffit estudou 36 amostras sedimentares,originárias de uma vasta gama de localizações geográficas do fundo do mar.
“São arquivos maravilhosos de mudanças ambientais”, Moffitt disse a respeito das amostras do solo. “Podemos trabalhar com geoquímica, com paleoecologia, e a partir desses solos, podemos obter dados tão bons quanto o registro de um núlceo de gelo.”
A ampla análise das amostras por parte da equipe revelou que as Zonas de Mínimo Oxigênio (ZOMs) se expandiram consideravelmente no último período de aquecimento. Embora ZOMs sejam uma parte natural dos ecossistemas, formadas pela respiração bacteriana na camada intermediária dos oceanos (entre outros processos), seu crescimento, impulsionado pelo clima, desestabilizou todo o mundo pleistoceno. (Continue lendo aqui)