O que o Pokemon Go nos ensinou sobre atenção e olhar
A brincadeira de sair pelas ruas à caça dos famigerados bichinhos japoneses virou febre no último mês. Longe de estar esquecida, a febre já esfriou um pouco, mas deixou discípulos espalhados por aí, iniciativas que levantam a bandeira de observar o espaço público e prestar (mais) atenção nos nossos ambientes de convivência e lugares por onde passamos todos os dias.
Inspirada pelo jogo, a educadora belga Aveline Gregoire, diretora e professora de uma escola primária, criou uma maratona de caça aos livros com seus alunos. No lugar de sair em busca dos monstrinhos, as crianças procuram livros e grandes personagens da literatura mundial espalhados pela cidade. A ideia surgiu quando Aveline percebeu que não tinha mais espaço físico para guardar seus livros em casa, e então resolveu libertá-los por aí.
Em menos de três semanas, a iniciativa atraiu mais de 40 mil participantes, e continua aumentando o time de jogadores a cada dia. Hoje, o grupo já ultrapassa os 74 mil membros. No grupo, é possível notar a diversidade de recursos que as pessoas utilizam para incrementar a brincadeira que estão propondo: há livros escondidos em parques, estações de trem, igrejas, supermercados. Para democratizar a brincadeira, a proposta é que, depois de encontrar e ler o livro, o jorador o deixe em um lugar público para que outras pessoas encontrem.
- Estes são os 10 destinos mais procurados para o Ano Novo, segundo estudo da Semrush
- Quando uma dor de cabeça pode ser sintoma de aneurisma cerebral
- Novo tipo de vacina promete combater a bronquiolite em bebês
- Ilhabela: tudo o que você precisa são esses 3 passeios
Tudo acontece por meio de um grupo criado pela professora no Facebook, o “Chasseurs de livres” (“Caçadores de livros”), onde os usuários compartilham fotos dos livros com dicas de onde ele pode estar escondido, o que estimula o andar livre pelos espaços urbanos e a curiosidade por lugares já introjetados na rotina das pessoas.
O que começou como uma brincadeira destinada às crianças, criou um senso coletivo de valorização do caráter lúdico da ocupação dos espaços comuns da cidade, além de estimular a curiosidade pelos livros em questão, afinal, o acervo é bastante variado, desde clássicos infantis até as histórias de Stephen King.
O livro como tesouro: valorização indireta da literatura
O jogo também inspirou iniciativas parecidas por aqui. Neste sábado, 24, a Livraria Argumento, do Rio de Janeiro, vai lançar o projeto “Argumento GO”, que consiste em espalhar dezenas de livros por espaços diversos do Parque Lage para que as crianças encontrem.
Em nota ao jornal O Globo, o dono da livraria, Marcus Gasparian, defende a valorização indireta da literatura que a ação proporciona, ao colocar os livros na posição de tesouros a serem garimpados e disputados. “A vantagem é que a diversão continuará depois que os livros forem capturados”.