O que se sabe sobre a queda do avião ucraniano no Irã

Entre as 176 vítimas, há pessoas de nove nacionalidades

08/01/2020 09:25

Avião caiu logo depois de decolar no Irã
Avião caiu logo depois de decolar no Irã - Rouhollah Vadati / ISNA / AFP

Um avião ucraniano com 167 passageiros e nove tripulantes caiu na manhã desta quarta-feira, 8, minutos após decolar do aeroporto de Teerã, capital do Irã, revelou a agência de notícias local Isna. Não há sobreviventes. O voo 752 da Ukraine International Airline decolou com quase uma hora de atraso, às 6h12 (hora local), e tinha como destino o Aeroporto Internacional Boryspil, em Kiev, na Ucrânia.

De acordo com a autoridade iraniana de Aviação Civil, as caixas-pretas do Boeing 737 foram encontradas e devem ajudar a explicar as causas da queda do avião. Até o momento, a única informação é que o avião pegou fogo logo depois da decolagem. Nas redes sociais, há vídeos que mostram a aeronave em chamas.

A imprensa oficial do país apontou “dificuldades técnicas” como a possível causa da tragédia e disse que o piloto não comunicou nenhuma situação de emergência antes da queda.

Inicialmente, a embaixada da Ucrânia em Teerã divulgou uma nota afirmando que, com base em informações preliminares, a aeronave caiu por causa de problemas técnicos no motor e descartou qualquer relação do incidente com terrorismo ou com os disparos de foguetes. Depois, em um novo comunicado, informou que as causas estão sendo esclarecidas.

Entre as vítimas, estão pessoas de nove nacionalidades: 82 iranianos, 63 canadenses, onze ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.

Ataques EUA x Irã

O acidente ocorreu logo depois que duas bases militares que abrigam tropas dos Estados Unidos no Iraque foram atacadas com bombardeio de pelo doze misseis, nesta terça-feira, 7. Autoridades do exército norte-americano confirmaram o ataque e a agência de notícias do Irã classificou a ação como o “início da vingativa retaliação do Irã aos EUA“.

A Guarda Revolucionária do Irã informou que os ataques a mísseis são o primeiro passo da “dura vingança” pelo assassinato do general Qasem Soleimani, na última sexta-feira, 3, realizado em território iraquiano pelos EUA a mando do presidente Donald Trump.

“Ao Grande Satanás, o regime cruel e arrogante dos Estados Unidos, advertimos que qualquer outra maldade, violação ou outras medidas enfrentarão uma resposta mais dolorosa e esmagadora”, diz o comunicado divulgado no site da organização.

Pelo aplicativo de mensagens, Telegram, a Guarda Revolucionária Iraniana afirmou que poderá revidar ataques diretamente no território dos Estados Unidos, caso os americanos respondam o contra-ataque da noite desta terça, que já foi uma resposta do Irã ao assassinato de Soleimani.

Ainda pelo aplicativo, a Guarda Revolucionária Iraniana, que era comandada pelo general morto, afirmou que se o Irã for atacado, irá atacar as cidades de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Haifa, em Israel, em uma terceira onda de operações.

A Guarda Revolucionária também disse que “se ataques forem lançados de bases em seus países contra o Irã, eles serão alvo de uma retaliação militar”.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, publicou no Twitter, no fim da noite desta terça-feira, um comunicado em inglês, dizendo que ao atacar as duas bases norte americanas, em Al-Asad e em Erbil, no Iraque, o Irã teria “tomado e concluído” medidas “proporcionais” e em “autodefesa” como resposta ao ataque aéreo dos Estados Unidos que assassinou Soleimani. Zarif ainda concluiu que: “Nós não procuramos uma escalada ou guerra, mas nos defenderemos contra qualquer agressão”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou, também no Twitter, que fará um pronunciamento nesta quarta-feira, 8, pela manhã.