O que tinha no acervo do Museu Nacional entre 20 milhões de itens

A instituição foi atingida por um incêndio neste domingo, 2, e tinha um dos maiores acervos de antropologia e história natural

03/09/2018 12:40
Um incêndio de proporções ainda incalculáveis atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro
Um incêndio de proporções ainda incalculáveis atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, atingido por um incêndio na noite deste domingo, 2, é a mais antiga instituição científica do país e tinha um dos maiores acervos de antropologia e história natural, com mais de 20 milhões de itens.

Fundado por Dom João 6º no dia 6 de agosto de 1818, o museu completou 200 anos em junho. Desde 1892, a instituição ocupava um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro.

O palácio foi doado por um comerciante ao príncipe regente D. João em 1808 e depois virou a residência oficial da família real no Brasil entre 1816 e 1821. Os integrantes da família começaram as coleções que deram origem ao acervo.

Quinta da Boa Vista
Quinta da Boa Vista - Halley Pacheco de Oliveira / Wikipedia / Commons

Desde 1946, o Museu Nacional é administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e tem perfil acadêmico e científico.

Entre as peças de seu acervo, muitas eram exemplares únicos, como esqueletos de dinossauros, múmias egípcias, além de utensílios produzidos por civilizações ameríndias durante a era pré-colombiana.

Após o fogo, a vice-diretora da instituição, Cristina Serejo, afirmou que “nem tudo foi perdido” das peças. Uma coleção de invertebrados escapou do fogo, pois fica em um prédio anexo, não foi afetado pelas chamas. As causas do ocorrido ainda são desconhecidas.

Em nota, o Museu Nacional informou que ainda está mensurando os danos ao acervo. “É uma enorme tragédia. A hora é de união e reconstrução. Infelizmente, ainda não conseguimos mensurar o dano total ao acervo, mas precisamos mobilizar toda a sociedade para a recuperação de uma das mais importantes instituições científicas do mundo”, disse Alexander Keller, diretor da instituição.

Veja alguns itens que estavam no museu:

Luzia

Uma das principais atrações do museu, que provavelmente foi destruída pelo fogo, era o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, batizado de Luzia.

A peça foi descoberta em 1974 pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, em Minas Gerais, e teria 11.300 anos. O fóssil era de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas.

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Meteorito Bendegó

Outro item importante é o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó, de 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos.

O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, em Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.

Por ser um objeto metálico pesado, foi um dos poucos itens do museu que sobreviveu às chamas.

Meteorito Bendegó permaneceu intacto após o incêndio
Meteorito Bendegó permaneceu intacto após o incêndio - Reprodução / TV Globo

Acervo de paleontologia

O Museu Nacional tinha uma das mais importantes coleções paleontológicas da América Latina, com 56 mil exemplares e 18,9 mil registros. Entre as peças, os visitantes encontravam principalmente fósseis de plantas e animais, do Brasil e de outros países, e reconstituições e réplicas.

Um dos grandes destaques do museu era o esqueleto Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte a ser montado no Brasil. A ossada também foi encontrada em Minas Gerais.

Arqueologia egípcia

Sua coleção de arqueologia egípcia era considerada a maior da América Latina e a mais antiga do continente, com mais de 700 peças entre múmias e sarcófagos.

Na seção, uma das atrações mais populares era o caixão de Sha Amun en su. Foi ganhada de presente por Dom Pedro 2º em 1876, em sua segunda visita ao Egito.

Arqueologia clássica

Já a coleção de arqueologia clássica era composta por 750 peças das civilizações grega, romana e etrusca. Foi considerada a maior do gênero na América Latina por causa de seu tamanho e valor.

Itens de civilizações ameríndias

No acervo de etnologia do museu, havia artefatos da cultura indígena, como objetos raros do povo Tikuna e afro-brasileira, além de itens de culturas do Pacífico. Havia pelo menos 1.800 artefatos de civilizações ameríndias da era pré-colombiana.